Coluna Muito Além de Rodas e Motores:
O início das conquistas brasileiras na Fórmula 1
No último mês de julho, mais exatamente no dia 18, o Brasil, com Emerson Fittipaldi, deu início à trajetória de sucesso ímpar na Fórmula 1 e um verdadeiro marco para a história do automobilismo nacional. O piloto brasileiro, depois a participação de Chico Landi, na década de 1950, fazia a sua estreia na principal categoria do automobilismo mundial, no GP da Inglaterra de 1970. Um dia de muita importância para o esporte e de orgulho para os torcedores que ganharam um ídolo, cuja imagem passou a lotar arquibancadas.
Esse importante momento aconteceu depois de Emerson se aventurar com o patrocínio de Freios Varga e lubrificantes Bardahl e acompanhado pelo amigo Francisco Rosa, à categoria de Fórmula Ford um pouco antes e, em seguida, vencer dois obstáculos e conquistar os primeiros títulos pelo seu talento e fácil assimilação das virtudes e defeitos dos carros que pilotou, como em um curso de formação.
Lembro que, no final dos anos de 1960, a convite de Wilson Fittipaldi, participei das primeiras reuniões com a Bardahl e a Varga para tomar conhecimento das regras a serem seguidas e consegui, no Jornal da Tarde, primeiro jornal do País a publicar notícias sobre o desempenho dos brasileiros no exterior,a liberdade para telefonemas pelo sistema collet-call, o que permitiu, além da transmissão de notícias de Francisco Rosa, uma convesa semanal com os pais de Emerson.
Para os que não sabem ou não viveram, naquela época a facilidade de comunicação não existia e uma ligação internacional, além de cara, era muito difícil e demorada de conseguir.
Essa liberdade de usar o telefone do jornal, permitiu a instituição do programa Tarde de Domingo que possibilitou uma reunião de familiares e amigos dos pilotos para compartilharem e comemorarem por alguns minutos os resultados obtidos. Com essa liberdade, pudemos prestar uma ajuda a esses brasileiros, com a divulgação sistemática de todas as corridas e reportagens sobre os desafios vividos.
Tive a alegria e a honra de fazer parte dessa feliz torcida e dos profissionais de imprensa que acompanharam a carreira desse símbolo nacional. Uma carreira que segui, desde a juventude, quando começou nas corridas de kart em Diadema, trajando um macacão vermelho, dando voltas na praça da igreja matriz, exibindo sua forma de pilotar e já provocando entusiasmo com o seu desempenho.
Emerson mudou o sentimento do público pelo automobilismo que só reunia admiradores em poucas corridas internacionais, como o circuito da Gávea, promovido Automóvel Clube do Brasil e, em São Paulo, por Ângelo Juliano, diretor do Automóvel Clube Paulista, e Eloy Gogliano, do Automóvel Clube de São Paulo, que passaram a organizar as corridas 500 Quilômetros de Interlagos e 24 Horas de Interlagos.
A estreia, há 54 anos, de Emerson na equipe Lotus e a conquista do oitavo lugar no GP da Inglaterra, colocou o Brasil no mapa da Fórmula 1. Sua participação levou o País, de eventuais participações em corridas internacionais, a protagonista um seleto grupo dos melhores do mundo.
Poucos dias depois, confiante em seus talentos e limitações, surpreendeu de forma entusiasmante, com o quarto lugar no Grande Prêmio da Alemanha e, no final daquele mesmo ano, conquistou a sua primeira vitória, no Grande Prêmio dos Estados Unidos. Um início de carreira extremamente brilhante.
Além de dois títulos mundiais da Fórmula 1, Emerson foi campeão da Fórmula Indy e foi ainda o primeiro brasileiro a vencer a corrida mais veloz do mundo, as 500 milhas de Indianápolis, e novamente, abrindo o caminho para outros pilotos brasileiros para chegar ao automobilismo internacional.
Em 1980, Emerson encerrou sua participação na Fórmula 1 no mesmo GP do Estados Unidos que vencerá 10 anos antes. Pelos resultados que obteve e junto com os de Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Felipe Massa, deixou um patrimônio para o nosso País, de oito títulos mundiais, 101 vitórias, 126 poles positions e 293 pódios.
Anos depois de encerrar a sua participação na Fórmula 1, Emerson acertou a sua transferência para a Fórmula Indy, nos Estados Unidos. Estava na Ford, quando ele, em 1984, pediu a um ex-presidente da Federação de Automobilismo de São Paulo para tentar conseguir o patrocínio da montadora na sua, na época, nova aventura e marcamos um almoço com o presidente da Ford do Brasil, Robert Guerrity, para, em seguida, viajarem juntos ao Rio de Janeiro, num dos aviões da empresa.
A viagem para o jantar de abertura das comemorações da Fórmula 1 no Brasil, valeu um contrato de imagem e ajudou o piloto a completar o valor necessário para o seu novo empreendimento.
Com o apoio da Ford, Emerson descobriu um novo mercado de competições para brilhar e além dos títutos mostrou um novo caminho para os pilotos brasileiros que se tornaram homens-show de Indianápois que somaram sete títulos conquistados, oito triunfos nas 500 Milhas de Indianápolis e 112 vitórias de etapas.
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Crédito das imagens: Site Grande Prêmio/Site Nas Pistas/Pinterest.
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