Coluna Muito Além de Rodas e Motores:
Da Ferrari pelo bicampeonato a Zinédine Zidane,
as 24 Horas de Le Mans 2024 vão começar!
Neste fim de semana, dias 15 e 16 de junho, será realizada a 92ª edição das 24 Horas de Le Mans. E, mais uma vez, as emoções prometem ser eletrizantes pela vitória, com nada menos do que 23 Hypercars inscritos de nove fabricantes diferentes: Ferrari, Alpine, BMW, Isotta Fraschini, Peugeot, Lamborghini, Cadillac, Toyota e Porsche.
Que eu me lembre, nunca houve tantas marcas com protótipos disputando a vitória. Não será fácil para a Ferrari conquistar o bicampeonato, ainda mais porque não vem fazendo uma boa temporada, mas Le Mans é Le Mans e a vitória pode vir até mesmo na última volta.
Entre os pilotos, destacam-se Sébastien Buemi, quatro vezes vencedor de Le Mans, André Lotterer, três vezes vencedor, além de vários outros ex-Fórmula 1, Jenson Button, campeão mundial de F1 de 2009, Antonio Giovinazzi, vencedor da corrida de 2023, com a Ferrari, Robert Kubica, Nyck de Vries, Romain Grosjean e Mick Schumacher. Sem falar no nove vezes campeão da MotoGP, Valentino Rossi que fará a sua estreia nas 24 Horas de Le Mans na categoria LMGT3, correndo com um BMW M4.
Outra atração das 24 Horas de Le Mans 2024 será Zinédine Zidane, o especial Race Starter deste ano, que dará o sinal para a largada. Uma das maiores estrelas da história do futebol mundial e Campeão do Mundo, em 1998 campeão da Euro Liga, da Liga dos Campeões como jogador e como treinador, e da Bola de Ouro, Zidane se junta a outros famosos Race Starters, como Brad Pitt, em 2016, Rafael Nadal, em 2018, Alain Delon, em 1996, o ex-presidente francês Georges Pompidou, em 1972, e Steve McQueen, em 1971, além do astro do basquete mundial, LeBron James, no ano passado. Desde 1949, o papel tem sido frequentemente conferido a uma personalidade do mundo da política, do esporte, do cinema ou do entretenimento.
Segundo disse Zinédine Zidane: “As 24 Horas de Le Mans são incomparáveis. É uma corrida icónica para quem adora o automobilismo, para pessoas de todo o mundo. É uma fonte de imenso orgulho para a França. Minha cabeça está cheia de imagens da corrida, dos pilotos lendários, das histórias incríveis… embora sejam imagens de cenas de TV ou de filmes”.
A edição deste ano terá um outro momento emocionante. Pelo segundo ano seguido, o Automobile Club de l’Ouest (ACO), organizador do evento, e as autoridades locais vão realizar um desfile dos carros de corrida pelas ruas, lotadas de fãs, da cidade em um trajeto de 2,1 quilómetros, duas vezes mais longo que a rota do ano passado e que dará a mais pessoas a oportunidade de admirar várias estrelas das corridas de resistência.
Serão nove Hypercars, um LMP2 e sete LMGT3 que desfilarão no sábado, antes da largada, além do carro vencedor da segunda edição, em 1924, o Bentley 3 Liter Sport, na época, pilotado por John Duff que dirigiu o Bentley de Brooklands, no Reino Unido, até Le Mans. Este ano, o carro percorreu o mesmo trajeto e está em exposição no Museu das 24 Horas de Le Mans desde o dia 9 de junho.
Mas Le Mans não tem a fama que conquistou à toa. São 101 anos, em 92 edições, com muitas histórias emocionantes, espetaculares e outras tristes e chocantes.
Lembro de duas. A primeira, como não poderia deixar de ser é a guerra travada entre 1966 e 1969, entre os Ford GT40 e as Ferrari. Henry Ford II liderou a construção do carro que acabaria com a hegemonia da marca italiana e que só voltou a vencer em 2023. Os Ford GT 40 venceram por quatro anos seguidos.
Le Mans também teve dias tristes em sua história para nós brasileiros e o próximo dia 15 nos lembra da mesma data de 1963. Com pouco mais de cinco horas de corrida, quando Christian Heins liderava a categoria de carros com motor de 700 a 1.000 cm3, o Aston-Martin pilotado por Innes Ireland, derramou óleo na pista e três carros que vinham atrás derraparam, se chocaram e saíram violentamente da pista.
Depois de bater em outro carro, o de Christian capotou várias vezes, bateu num poste de iluminação incendiou-se, o piloto ficou preso nas ferragens e os bombeiros tiveram dificuldades em conter o fogo e retirá-lo para o necessário socorro.
Os médicos legistas afirmaram que o piloto faleceu instantaneamente, em consequência dos ferimentos. Seu companheiro Rosinski comentou que o acidente foi uma tragédia, porque a atuação de Christian era magnifica e o carro correspondia perfeitamente.
Para os francesas e também para nós, que somos sentimentais, a tristeza ocorreu igualmente com o acidente com Pierre Levegh. No dia 11 de junho de 1955, os franceses sofreram a maior tragédia automobilística da história, com o acidente ocorrido com Pierre Levegh. O carro e seus destroços atingiram os espectadores que estavam nas arquibancadas, matando mais de 80 deles, além do piloto. Foi considerado o pior e o mais grave da história do automobilismo.
Quando o inglês Mike Hawthorn se dirigia aos boxes com seu Jaguar, desviou de um Austin-Healey, do piloto Lance Macklin para evitar uma colisão, foi atingido pelo Mercedes-Benz do francês Pierre Levegh, que vinha logo atrás.
O carro de Levegh passou por cima do Austin Healey e bateu numa barreira de contenção, incendiando-se e peças de seu carro caíram sobre os expectadores. Entre as principais causas, foi constatado que várias partes do carro de Levegh eram feitas de magnésio, o que teria facilitado o incêndio. Entretanto, a direção da prova não a interrompeu e foi vencida por Hawthorn e Ivor Bueb.
O acidente provocou a morte de Pierre Levegh e de mais de 80 espectadores, no mais grave acidente registrado na história do automobilismo. Como consequência adicional, a Mercedes-Benz interrompeu a sua participação em corridas, só voltando às pistas em 1989. E, com o acidente de Le Mans provocou o banimento de corridas de automóveis na Suíça, por longo tempo.
O Automóvel Clube do Oeste, que organiza a corrida, informou que até o momento seis brasileiros confirmaram suas inscrições. Pipo Derani e Felipe Drugovich, com um Cadillac da equipe Action Express; Felipe Nasr, no Porsche 963, da Porsche Penske Motorsport, Augusto Farfus, no BMW M4 da WRT BMW, Nicolas Costa, num McLaren 720 S, e Daniel Serra, em uma Ferrari 296, da equipe GR Racing.
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Crédito das imagens: Automóvel Clube D’Oeste.
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