Coluna Muito Além de Rodas e Motores:
Nem oito, nem oitenta, o automobilismo
certamente é um esporte de extremos
Na verdade, sete e 82. Essas foram as idades do mais jovem e do mais “experiente” piloto premiados na 27ª edição do prestigiado Troféu Capacete de Ouro.
Na minha época de garoto, a expressão “nem oito e nem oitenta”, representava os extremos de uma conduta ou postura, assim como “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”, mas o tempo passa e muda.
Lembro que a minha diversão aos sete anos era subir e descer dos bondes em movimento, ou passar na frente deles quando dois estavam cruzando em sentidos opostos. Hoje, é sentar, acelerar e conquistar prêmios.
Raphael Gebara, na categoria Revelação do Kart, o mais jovem premiado na história do evento, com apenas 7 anos de idade, posou ao lado do empresário paranaense Pedro Muffato que, sem se preocupar com seus 83 anos que completará no mês de junho, recebeu o troféu Homenagem Capacete de Ouro pela longeva carreira.
Hoje, Muffato pilota gigantescos caminhões e conquista vitórias, como fez nas seis corridas que venceu em 2023, entre as nove do calendário do Campeonato Interestadual de Fórmula Truck, mas os seus títulos começaram ainda na década de 1970, há mais de 50 anos.
Promovido pela revista Racing, em parceria com o Banco BRB e a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), o Capacete de Ouro mostrou a atual modernização do automobilismo brasileiro que, em poucos anos, deverá revelar novos pilotos para a Fórmula 1, Fórmula E, Fórmula Indy e campeonatos internacionais de Endurance, como resultado de um trabalho inovador que incentiva as equipes a se prepararem para vencer os obstáculos normais de um esporte que exige plena dedicação, fortes patrocinadores, automóveis com tecnologias avançadas e, naturalmente, muito talento e grandes aportes financeiros.
A modernização do automobilismo brasileiro começou a ser reconhecida pela FIA no ano passado, que premiou a CBA no Congresso internacional da entidade, realizado na Guatemala, com o troféu José Abed, na cerimônia de encerramento, pela instituição da categoria Fórmula 4 para os jovens e o reconhecimento das mulheres como pilotos de competição e participantes de diferentes atividades, como engenheiras, mecânicas, dirigentes esportivas e responsabilidades variadas para o fortalecimento do esporte.
Outra atividade importante foi a FIA nomear a CBA como sua representante latino-americana com poder de ajudar as entidades da região no contato com a federação internacional pela proximidade geográfica dos países, com idioma semelhante ao português.
O evento Capacete de Ouro contou com as presenças da brasileira Fabiana Ecclestone, vice-presidente da entidade e responsável pelo desenvolvimento do esporte na região latino-americana, do Ministro dos Esportes, André Fufuca, de Giovanni Guerra, presidente da CBA e responsável pelo crescimento do automobilismo esportivo no País, e de Bernie Ecclestone, dirigente esportivo que promoveu o desenvolvimento da Fórmula 1. Também participaram da solenidade Renato Corrêa, coordenador regional da América do Sul e da América do Norte da FIA, e presidentes de diversas Federações de Automobilismo do Brasil e da América do Sul, que deverão ajudar a CBA a organizar campeonatos na região para crescimento ainda maior do esporte das corridas.
A solenidade de entrega do “Oscar” do automobilismo brasileiro, foi uma das mais emocionantes festas a que assisti ao longo de minha carreira profissional superior a 60 anos. Sob o comando do apresentador Celso Miranda, as atrações principais foram a jornalista e empresária de sucesso Maria Isabel Reis, criadora de várias revistas, entre as quais a Racing, mais importante publicação automobilística esportiva do País e Giovanni Guerra, presidente da CBA, as cenas finais da festa emocionaram ainda mais os participantes com as homenagem-póstuma prestadas a Bird Clemente e Wilson Fittipaldi Júnior, dois famosos e importantes pilotos da história do esporte no Brasil, recentemente falecidos, com os troféus Capacete de Ouro Especial.
Bird por sua forma empolgante de pilotar os carros e tornar profissional o automobilismo brasileiro. Wilsinho, além de suas habilidades na condução dos carros, ter sido o primeiro da geração de ouro a conduzir um carro de fórmula internacional e, alguns anos depois, teve a ideia de produzir monopostos da Fórmula Vê, um Fusca bimotor e, em 1974, ter lançado o primeiro e único carro da Fórmula 1 construído no Brasil, o Copersucar Fittipaldi.
As famílias Fittipaldi e Clemente foram reunidas no palco para a entrega a Maria Luiza, esposa de Bird Clemente, e Rita, esposa de Wilsinho, de capacetes iguais aos utilizados por eles e estilizados por Alan Mosca como homenagem aos momentos de empolgação que ambos proporcionaram ao público em suas atuações em pistas brasileiras e internacionais.
Entre os pilotos que receberam o troféu Homenagem Capacete de Ouro, destaco Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial da Fórmula 1 e da 500 Milhas de Indianápolis, e campeão da Fórmula Indy, e a jovem Antonella Bassani, expoente do automobilismo feminino, campeã da Porsche Sprint Challenge 2023, com apenas 17 anos.
Um encerramento em clima inesquecível de forte emoção.
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Crédito das imagens: Divulgação Capacete de Ouro/Revista Racing.
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