Coluna Histórias & Estórias – Por Chico Lelis:

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Postado 12 de julho de 2023 por bisponeto em

Não há suspensão que resista

Outro dia, andando de ônibus, fiquei assustado com o nível de ruído oriundo da suspensão do coletivo. Batia tudo ali dentro. Um horror para nossos ouvidos e coluna. Fiquei pensando que isso era resultado da construção do veículo em cima de chassis de caminhão. E, como haviam poucos passageiros, o barulho cresce e só diminui nos horários de “rush”, quando está todo mundo espremido.

E isso aconteceu aqui, na minha terra e também, em São Paulo, com os ônibus “batendo lata”. Depois disso, andando em um carro com pouco menos de 2 mil quilômetros, fiz os dois trajetos que havia percorrido de ônibus, aqui e na capital.

E a barulheira era igual, guardando-se, claro, as proporções dos dois tipos de veículos. Batia tudo, exatamente como nos ônibus. Daí, pensei eu, o problema não está nos ônibus ou nos carros, mas no piso das nossas ruas e avenidas, sejam nas grandes metrópoles, seja nas cidades médias. Tudo contribui para a barulheira geral.

Daí, resolvi consultar o meu amigo, engenheiro, Gerson Borini que, entre outras, trabalhou em uma área da Engenharia que trata do assunto. Segundo ele, foi feito um levantamento de “severidade” dos pisos em todo o mundo, incluindo Estados Unidos, Europa Ocidental, Canadá e outros países do chamado primeiro mundo. E o índice de “severidade” naquelas terras do chamado primeiro mundo. Em levantamento feito aqui no Brasil, o índice foi de 2,7, ou seja, quase três vezes mais severo que nos países pesquisados.

Isso significa, explicou Gerson, que essa severidade atinge a todos os componentes dos nossos veículos, quer sejam para transporte coletivo ou veículos leves, como automóveis, Suves e picapes.

Por isso, nossos pneus são mais reforçados e mais altos, o que também gera maior consumo de combustível. Alteram durabilidade das buchas de suspensão e molas; fazem os amortecedores trabalharem mais aquecidos, por serem mais acionados.

Para exemplificar o caso dos amortecedores, Gerson lembra das bombas de encher pneu de bicicleta (alguém, ainda usa isso?). Quanto mais rápido se bomba, mais ela aquece. E isso acontece com o amortecedor e seus componentes. “A temperatura excessiva de trabalho -explica – degrada o fluído e diminui as cargas de amortecimento. E chega até a derreter o retentor de vedação da haste do amortecedor, causando vazamentos.

E esse problema encontrado na maioria das vias brasileiras, também provoca mais torção nas carrocerias e fazer com que os vários painéis de um veículo tenham seus parafusos ou conexões folgadas, causando ruídos.

E o que causa tudo isso?

Essa é uma pergunta fácil de responder. O nosso asfalto é mal colocado, sua conservação pior ainda e quando se realizam obras nas nossas vias, por empresas de energia, água/esgoto, gás de rua e outras, tudo é péssimo. Como é na sua cidade?

Simples assim!

E quem fica feliz é o dono da oficina, da borracharia, da loja de pneus. Certo?

Chico Lelis – chicolelis@gmail.com.

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