Coluna Muito Além de Rodas e Motores:

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Postado 19 de abril de 2023 por bisponeto em

Carro verde e o exemplo da

Fiat no mercado brasileiro

Há duas semanas, comentei aqui que havia na indústria automobilística brasileira uma importante movimentação para volta do carro popular. Essa movimentação cresceu nesse meio tempo, ganhou o nome de Carro verde e as discussões para a volta da sua produção no Brasil cresceu em diferentes áreas, ainda mais com as recentes notícias de paralisação das linhas e férias coletivas por baixa demanda de mercado. O objetivo é contornar a elevação do preço, os altos juros e a rigorosa seletividade da concessão de financiamento, que têm reduzido as vendas e afetado a economia do País, lembro da música Mulheres de Atenas, criada por Chico Buarque, em 1976, como crítica ao período do regime militar, que impedia a liberdade de expressão.

Chico Buarque, com Mulheres de Atenas, mostrou que, naquele momento, a mulher brasileira não tinha voz nem direitos e que seus desejos eram anulados. Mas, hoje, quase 50 anos depois, as mulheres estão diferentes, já ocupam importantes posições e dividem com homens as decisões importantes nas empresas e continuam lutando bastante para ter os mesmos direitos dos eles, sobretudo nas áreas que ainda mantêm a ranço machista.

Hoje, mudo o título da música para “Lembrem-se do exemplo daqueles italianos da Fiat” para sugerir às empresas automotivas que espelhem-se na decisão da marca italiana na concepção do primeiro programa de carro popular brasileiro e se apressem para motivar a Anfavea a mostrar ao governo que a alternativa do carro popular pode aumentar as vendas, mantendo intacto os quadros de pessoal com a oferta ao mercado de modelos populares para aproveitar a atual tendência que pode incentivar a comercialização de veículos.

Na década de 1990 enquanto Ford, General Motors e Volkswagen simplesmente analisavam a decisão de acompanhar a ideia da Fiat, começar a desenvolver um motor 1.0 e esperara decisão das respectivas diretorias, a Fiat reduziu a capacidade cúbica do motor Fiasa, com originais 1.049 cm3 de cilindrada, para 994 cm3, antecipou-se no desenvolvimento, lançou o primeiro carro popular no País e deu um show de vendas.

Enquanto General Motors e Volkswagen conformavam-se por não possuir um motor que permitisse a redução de sua capacidade cúbica sem comprometer o desempenho dos automóveis, a Ford demorou demais para usar o CHT que abreviava a denominação da tecnologia Compound High Turbulence que fabricava.

Nesse tempo, também assistiu à evolução de vendas da Fiat, desprezando a ajuda do experiente piloto gaúcho Clóvis de Morais e do engenheiro paulista Eugênio Martins que desenvolveram motores para ajudar a Ford a concorrer com a Fiat, mas tiveram seus trabalhos obstados pelo presidente da empresa, o inglês James Donaldson. Eugênio Martins comprou um Escort básico para, com a ajuda de Luís Antonio Greco, chefe da área de competições da empresa, desenvolver o motor Ford 1.0 e colocou o automóvel à disposição da engenharia da montadora americana para uma avaliação de seu desempenho.

Donaldson não permitiu o uso desses motores por julgar que comprometeriam o nível de segurança, principalmente pela falta de resposta do motor em ultrapassagens em estradas e só autorizou o ingresso da empresa no mercado de carro populares tardiamente quando a sua engenharia terminou o processo de desenvolvimento.

E a Ford, por não seguir o exemplo dos italianos da Fiat e ficar à espera de uma decisão da diretoria, perdeu a participação do mercado e passou a ocupar a quarta posição no ranking brasileiro enquanto a marca italiana assumiu a vice-liderança do mercado brasileiro.

Lançado em 1990, o Fiat Uno Mille, com potência de 48,5 cv e torque de 7,4 kgfm foi o pioneiro entre os carros populares do mercado brasileiro. Com desempenho modesto, pela potência de 48,5 cv e torque de 7,4 kgfm, o Uno Mille acelerava de 0 a 100 quilômetros em 19,7 segundos e alcançava a velocidade máxima de 139 quilômetros por hora. Realmente, era uma eternidade fazer de zero a 100 km/h em quase 20 segundos, mas a maior utilização do veículo era na cidade em trânsito que mal passava dos 60 km/h com muito anda-e-para.

Por ter sido desenvolvido antecipadamente, o Fiat Mille foi muito bem recebido pelo público, pela ideia inovadora, que beneficiou as pessoas que não tinham condições de comprar um automóvel melhor equipado. E pelo fato de se tornar uma opção para pessoas de menores recursos tornou-se um marco para o mercado e para a história da Fiat no Brasil, ajudando-a a superar a Ford e a GM em vendas no nosso País.
 

Acesse nossos podcasts: https://soundcloud.com/user-645576547/carro-verde-e-o-exemplo-da-fiat-no-mercado-brasileiro.

Crédito das imagens: Arquivo Internet.
 

Muito Além de Rodas e Motores
Tel: 55 (11) 99932-6258 | secco@secco.com.br.

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