Coluna Muito Além de Rodas e Motores:
O brilho e o entusiasmo dos
encontros de final do ano
Tradicionalmente, dezembro passou a ser o mês mais feliz do ano para os jornalistas especializados na cobertura das atividades da indústria automobilísticas pelas comemorações natalinas, mas também pela sequência de reuniões com os diretores das montadoras instaladas no Brasil para balanço das ações realizadas no ano, assim como os planos para o novo período que está prestes a se iniciar.
Criada por um grupo de principais jornalistas do setor automobilístico nos anos de 1970, com apoio do então presidente da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – André Beer, vice-presidente da General Motors, a reunião transformou-se em evento tradicional e calorosamente aguardado.
Pelo permanente crescimento e evolução da indústria automobilística, as reuniões de fim de ano sempre foram fonte importante de notícias que jornais, revistas e emissoras de televisão e rádio divulgavam com grande destaque para uma das atividades mais fortes e relevantes da economia brasileira, quase sempre com recordes de produção, vendas, assim como novos investimentos e exportações.
Para os profissionais de Imprensa dezembro era o melhor mês, pelas notícias importantes, pelo contato com os principais executivos da indústria de cada empresa e, para complementar, pelas celebrações positivas, festivas, com tratamento ainda mais atencioso e até um brinde comemorativo.
Dias de festa, otimismo, esperança e confraternização que, naturalmente, pela repercussão registrada nas principais publicações, passaram a despertar a atenção e o interesse de muitos outros “profissionais de imprensa” não ligados à cobertura cotidiana do setor.
Motivados por esse desejo, alguns mais ousados arriscaram-se a participar identificando-se como profissional de jornais de outros segmentos e quase sempre conseguíamos encaixá-los sem maiores problemas.
Em meu trabalho como assessor de imprensa, com o passar dos anos, convivi tranquilamente com essas pessoas e, até, estabeleci uma estratégia ou acordo que previa que, se por acaso faltasse lugar para um ou mais convidados eles cederiam suas posições e participariam em uma mesa adjacente ou, se não houvesse mais mesas disponíveis, em outro restaurante do local do evento, quase sempre um grande hotel ou buffet. Mas não ficariam desassistidos.
Assim, eles eram sempre bem recebidos. E ficavam satisfeitos. E, eu, tranquilo, com a certeza de não ter problemas.
O motivo que me levou a respeitar a presença desses profissionais não convidados e estabelecer esse “acordo” foi o fato ocorrido na última visita de Henry Ford II ao Brasil, na década de 1980.
Ele concordou em conceder entrevista a jornalistas brasileiros, após encontro com o presidente João Batista Figueiredo. Mas a sua disponibilidade era somente a partir das 18 horas, no dia que regressasse de Brasília, após a reunião com o presidente de República, horário ruim para os jornalistas pelo reduzido tempo de fechamento da edição do dia seguinte.
Nesse dia, à medida em que o relógio se aproximava das 18 horas fui ficando mais e mais ansioso e na expectativa porque nenhum jornalista convidado havia chegado. Às 18h, Henry Ford II estava no hotel e a sala de reunião vazia, sem nenhum dos profissionais de imprensa convidados.
Vocês podem imaginar o meu nervosismo e temor da eventualidade de nenhum jornalista comparecer.
Mas, minha aflição foi amenizada quando recebi a informação da chegada de três profissionais que eram, exatamente, os que compareciam aos almoços sem terem sido convidados. Eram apenas três, mas que, na iminência de início do evento, ajudaram a me tranquilizar.
Por sorte, logo em seguida, antes de Henry Ford II adentar à sala reservada para a entrevista, os jornalistas convidados chegaram e tudo transcorreu normalmente e satisfatoriamente.
No final, me senti na obrigação de agradecer os três não convidados que “marcaram presença” e garantiram um quórum mínimo.
Imaginem qual seria a reação do principal dono da Ford Motor Company diante de uma sala vazia e sem público para a sua entrevista.
Um brinde especial aos encontros de final de ano e a cada um dos profissionais que sempre me prestigiaram e continuam prestigiando os assessores de imprensa do setor. Especializados ou não, sem eles, os eventos nunca seriam os tão festivos, agitados e com o clima próprios para um novo ano!
Acesse nossos podcasts: https://soundcloud.com/user-645576547/o-brilho-e-o-entusiasmo-dos-encontros-de-final-do-ano.
Crédito das imagens: Arquivo de Internet e Walter P. Reuther Library.
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