Elétricos “invadem” a seara das marcas premium e hipercarros
Marcas premium vão migrar de forma rápida para modelos 100% elétricos nos próximos anos. Há algumas razões para isso. Em primeiro lugar o preço alto não constitui obstáculo para os compradores. Em geral são proprietários de três ou quatro carros e no caso de precisarem realizar uma viagem longa, sem planejamento prévio, estarão bem servidos de opções. Além disso o alto desempenho é sempre empolgante com valores de torque e potência elevados e transmitidos às rodas instantaneamente com um motor elétrico em cada eixo. E por que não um motor para cada roda?
A publicação americana Automotive News listou marcas chamadas de “exóticas” que preparam essa virada em médio prazo, sem assegurar exatamente um cronograma: Rolls-Royce, Bentley, Aston Martin, McLaren (migração seria lenta), Ferrari e Lamborghini (esta ainda daria prioridade aos híbridos plugáveis e sem previsão de uma versão elétrica). A Porsche estaria preparando um crossover elétrico com três fileiras de bancos para sete lugares.
Carros esporte verdadeiros têm altura de carroceria muito baixa. Como as baterias ficam no assoalho e ainda são volumosas haveria uma mudança no perfil do carro que poderia deixar de agradar a clientela. E o que dizer da ausência do ronco do escapamento dos motores a combustão interna? Pode ser criado artificialmente e ainda ficaria a opção do silêncio com apenas o conhecido “silvo” dos elétricos.
A Bugatti, que o Grupo VW separou e vendeu para a Rimac em sociedade com a Porsche, deve entrar na onda. O exótico motor em formato de W e 16 cilindros seria descontinuado, mas os planos ainda não estão claros. A Bugatti só produz modelos de altíssimo preço, a maioria em séries limitadas. O primeiro elétrico poderia ser até um SUV (!) ou um GT de quatro portas. Porém, segundo a revista inglesa Autocar, isso foi descartado em favor de um híbrido plugável. A Rimac, fundada por Mate Rimac, é uma fabricante croata de hipercarros elétricos como o Nevera, em pequena série, com sistema próprio de baterias que também fornece para o Aston Martin Valkyrie, o Koenigsegg Regera, o Jaguar E-Type (conceitual) e o Pininfarina Battista.
Argentina cria meta irreal para elétricos
O esforço do governo argentino em dar um norte para diminuir as emissões de gás carbônico (CO2) está em parte centrado em ampliar o uso do gás natural (metano), principalmente em veículos comerciais e ônibus. A frota de automóveis a gás já foi maior porque o país construiu uma grande infraestrutura de abastecimento como incentivo, mas ao longo do tempo as vendas foram caindo. É preciso uma quilometragem rodada por dia relativamente alta para compensar financeiramente, além de discreta perda de potência e torque quando se faz adaptação correta do motor. O peso alto dos cilindros também afeta o desempenho.
A Argentina tem reservas gigantescas de gás natural cuja pegada de carbono é menor do que derivados de petróleo. Veículos representam 14% das emissões totais de CO2, não muito diferente do Brasil que adotou o etanol como alternativa usado diretamente em motores flex ou em mistura com a gasolina. Ainda assim o país vizinho lançou agora um plano de eletrificação para automóveis e veículos comerciais leves para “resguardar as futuras gerações”.
Nada contra esta visão, mas a meta até 2030 parece inviável de cumprir: em apenas oito anos 50% das vendas deverão ser de modelos 100% elétricos. Aí fica difícil. No primeiro semestre deste ano foram vendidos apenas 84 elétricos na Argentina ou 0,04% do total comercializado. No Brasil esta proporção é 10 vezes maior: 0,4%.
Porsche Cayenne Turbo GT é estonteante
Em 2002, quando foi lançado, o SUV da Porsche parecia surreal. Vinte anos depois a marca alemã provou, ano após ano, que estava certa e o Turbo GT é o melhor exemplo. Trata-se de um SUV cupê com desempenho que faz jus ao nome. Vai bem além do que se espera e surpreende os desavisados. Mesmo com 2.220 kg de massa acelera de 0 a 100 km/h em 3,3 s (com o pacote Sport Crono).
Motor V-8 de 640 cv acompanhado de seu ronco gutural, torque brutal de 86,7 kgf.m, rodas de 22 pol. de diâmetro (dianteiras têm câmber negativo de 0,45 graus), suspensão pneumática com amortecedores adaptativos e barras antirrolagem ativas, saídas de escapamento no centro do para-choque e uso de titânio após o silenciador. Obviamente há desconforto para enfrentar asfalto ruim, mas nas autoestradas de boa qualidade no Estado de São Paulo a precisão de direção e as respostas em curvas de qualquer raio impressionam. A alta capacidade de frenagem sempre é ponto de honra para todos os Porsches e isso se confirma neste Cayenne.
Acabamento interno usa camurça (Alcantara) extensivamente e para onde se olha a qualidade salta aos olhos. O conta-giros fica na posição central do quadro de instrumentos e o volante tem pega exemplar. Atrás há espaço de sobra para dois passageiros com saídas de ar-condicionado individuais controladas por duas telas. No lugar do que seria o terceiro passageiro há um console alto e rígido. Sistema de som Burmester com 20 alto-falantes (1.445 W) e subwoofer ativo (400 W). O preço acompanha os superlativos: R$ 1.350.000.
Congresso Fenabrave voltou com força
Depois de dois anos de interrupção pela pandemia da covid-19, o Congresso Fenabrave reuniu concessionárias de todo o País na capital paulista. O propósito não se resumiu a abordar as atuais necessidades setoriais, mas antecipar tendências em razão do acelerado processo de mudanças na produção e comercialização de veículos.
Segundo Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, há grandes desafios. “Nosso setor é basicamente de empresas familiares, que precisam se manter atualizadas para enfrentar uma concorrência cada vez mais feroz. Contando todos os tipos de veículos, inclusive os de duas rodas, 75% das nossas associadas possuem apenas de um a três pontos de venda. Foram os mais afetados pela pandemia. Os 1.300 grupos atuantes estão reduzidos a 1.000 atualmente”, detalhou.
Palestras do congresso reuniram mais de 2.500 participantes. A área de exposição contou com 50 empresas e cerca de 10.000 visitantes em dois dias. Sinais de resiliência do setor.
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