Coluna Muito Além de Rodas e Motores
Como é bom guiar um carro com motor turbo!
Faz tempo que comentei e escrevi que os automóveis com motorização turbo conquistariam o gosto dos motoristas, quer pela condução muito mais gostosa e agradável como pela preservação ambiental e eficiência energética.
Nas últimas duas semanas, pude comprovar que a era turbo realmente está transformando e vai transformar ainda mais o mercado brasileiro e criar um novo padrão no prazer de guiar um carro.
Fiquei apaixonado pela Ford Territory, com um potente motor turbo 1,5 litro que mais parecia um robusto seis cilindros. Mas, fui arrebatado pela elasticidade e torque absurdo do motor 1.0 turbo da Fiat Pulse Impetus. A vontade é não parar de acelerar e ficar brincando com o pedal do acelerador. Que gostoso que é!
E em meio a todo esse sentimento de como a indústria automobilística evoluiu e de como continua sendo prazeroso guiar os novos carros turboalimentados, a tecnologia do turbocompressor completa 45 anos de Brasil.
Em 1976, a Garrett Advancing Motion se tornou primeira empresa a produzir no País esse importante componente que, além de muito prazer e desempenho, atende a um desafio fundamental em todo o mundo, especialmente nos dias atuais: reduzir a emissão de gases poluentes que afetam o meio ambiente e comprometem a saúde das pessoas.
Nesse quase meio século, a fabricante ultrapassou o total de 5 milhões de unidades produzidas.
A despeito dos benefícios que sempre proporcionou na alimentação de combustível dos motores de automóveis, caminhões, ônibus e até equipamentos agrícolas, só nos últimos anos passou a ser visto como imprescindível pelos profissionais, importantes executivos e engenheiros da indústria automotiva.
Após mais de um século de sua invenção, o turbo foi criado em 1903 por Alfredo Bucci, agora é reconhecido como o componente ideal para ampliar a eficiência e potência dos motores e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases poluentes.
De equipamento utilizado apenas nos veículos comerciais, como caminhões e ônibus, passou a ser a maior esperança das montadoras para atender às cada vez mais rigorosas legislações ambientais. Além da sustentabilidade tão defendida nos últimos anos, a elevação do preço dos combustíveis passou a ser outro fator motivador.
Apesar de suas vantagens econômicas e ambientais o turbo não contou com a compreensão dos engenheiros da indústria automobilística e, a turboalimentação de motores só começou a ser aplicada 57 anos depois de patenteada.
Em 1962 a General Motors adotou o sistema nos automóveis Oldsmobile F75 Jet-Fire e, logo a seguir, no Chevrolet Corvair. Da potência de 80 cv do modelo aspirado, com turbo, o motor do Corvair elevou a potência para 150 cv, o que tornou o carro muito veloz. Mas, a despeito dessa grande evolução a indústria não estava preparada para transformar o turbo em realidade.
No Brasil, sofreu uma agravante. Jovens que apreciam o desempenho passaram a equipar seus carros com turbos disponíveis no mercado de reposição, o que deu a esse importante equipamento apenas a imagem de velocidade, sem se aterem ao seu benefício mais nobre, que é a economia de combustível e, atualmente, a baixa emissão de gases poluentes.
Embora não tenham tido o êxito desejado nos Estados Unidos, a tentativa da General Motors provocou uma reação na Europa com as fábricas promovendo uma série de lançamentos, como a Alfetta GT e o Uno Turbo, na Itália; o Peugeot 604, na França; o Saab Turbo, na Suécia; Mercedes-Benz 300 SD, Porsche 911 e BMW 2002, na Alemanha, entre outros. Assim, a Europa passou a comandar a turboalimentação na indústria automobilística mundial e, hoje, as três marcas (Audi, BMW e Mercedes-Benz) são as que possuem o maior número de automóveis com essa tecnologia. Hoje, todos os veículos da Land Rover são turbinados.
No Brasil primeiro carro turbo foi o Fiat Uno Turbo, lançado em 1994. Em seguida, outros modelos da montadora italiana receberam a tecnologia, como os automóveis Tempra, Marea Turbo, os modelos T-Jet Linea, Punto e Bravo.
No ano 2000 foi a vez da Volkswagen desenvolver, em parceria com a Garrett, os modelos Gol Turbo e Parati Turbo que foram considerados os motores 1.0 mais potentes do mundo. Mas, pelo cancelamento do benefício que isentava de impostos os veículos com motor até 1.000 centímetros cúbicos de cilindrada, deixaram de ser fabricados.
Esses automóveis permaneceram pouco tempo no mercado brasileiro, repetindo a história dos anos 70 nos Estados Unidos. Mas o crescente rigor das legislações ambientais e o maior respeito ao meio ambiente incentivaram a engenharia mundial a investir na turboalimentação.
Desde o começo deste ano, o Brasil, embora de forma mais tímida, juntou-se aos países mais avançados da indústria automobilística mundial, com uma ampla gama de modelos turbinados, como o Ford Territory e o Fiat Pulse, além de muitos outros que ainda não tive o prazer de dirigir.
Nas comemorações do quadragésimo quinto aniversário da produção de turbos no País, Eric Fraysse, presidente global de Aftermarket da Garrett Advancing Motion, anunciou que com o avanço da engenharia no desenvolvimento permanente do turbocompressor, a Garrett trabalha para, nos próximos anos novos, lançar modelos de turbo, entre os quais o turbo elétrico que ajudará na geração de energia para alimentar as baterias dos veículos elétricos.
Atualmente, a Garrett dedica-se a uma nova era de integração de produtos elétricos com aplicações tradicionais ao processo híbrido e o desenvolvimento de células de combustível. A fabricante considera que as tecnologias de propulsão elétrica são fundamentais para otimizar os propulsores híbridos, 100% elétricos e até os movidos a células de combustível de hidrogênio, criando novos padrões de desempenho ambiental e encurtando o caminho para chegar a zero emissões.
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Crédito das imagens: Arquivo Internet.
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