Story Alpine O A480 e a alquimia dos pneus

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Postado 5 de julho de 2021 por bisponeto em

Levante a mão se você acha que os pneus são apenas a cobertura de borracha que reveste a roda dos carros. Entretanto, eles vão muito além disso! Nas competições, tanto a composição como a gestão têm um papel fundamental. Principalmente no WEC, o Campeonato Mundial de Endurance da FIA, onde eles precisam se adequar às diferentes condições da pista, muitas vezes em uma mesma prova. Paul François, engenheiro de Performance na escuderia Alpine Elf Matmut Endurance Team, detalha todos os fatores da gestão da alquimia dos pneus.

A equipe Alpine sempre teve convicção da importância dos pneus e dos benefícios que teria ao dar toda a atenção a este que constitui o único ponto de contato de um carro com o solo. Desde 1964, a marca francesa contribuiu ativamente no desenvolvimento do pneu radial, uma tecnologia que revolucionou a indústria automotiva.

O papel da Alpine na inovação dos pneus

Responsável pela invenção deste novo tipo de pneu, a Michelin recorreu à Alpine para resolver um problema de falta de aderência em alta velocidade. Graças às suspensões dos seus monopostos de F2 e F3, que eram facilmente reguláveis, e depois seus protótipos de endurance, a Alpine contribuiu para otimizar a performance dos pneus radiais que, para os motoristas em geral, se tornou sinônimo de uma vida útil mais do que duas vezes maior.

Em 1967, a Alpine e a Michelin também introduziram outra tecnologia de ruptura nas 24 Horas de Le Mans, hoje amplamente generalizada nas competições: o pneu “slick”. Desprovido de sulcos, ele oferece a máxima aderência. Uma ideia tão simples quanto eficiente e imediatamente copiada na Fórmula 1!

Assim, não é de surpreender que a Alpine tenha se tornado, em 1978, a primeira montadora a triunfar nas 24 Horas de Le Mans utilizando pneus radiais…

Na era dos pneus conectados

“Em Endurance, estamos sempre sob pressão em relação à gestão dos pneus”, explica Paul François, engenheiro de Performance na escuderia Alpine Elf Matmut Endurance Team.

Para um condutor leigo, os pneus podem ser aqueles componentes para os quais ele não dá a menor atenção (exceto quando furam!). Mas para uma equipe de corrida, ele é um componente da maior importância na busca pela performance. Compostos de mais de 200 ingredientes, hoje em dia eles são até mesmo conectados.

“Os pneus fornecidos pela Michelin para o Campeonato WEC são equipados com sensores, que permitem monitorar sua performance”, explica Paul François. “Por exemplo, sabemos o tempo todo qual é a temperatura tanto do ar dentro do pneu como da carcaça, graças a um termômetro a laser. A pressão é um parâmetro crucial que também é monitorado, permitindo assegurar uma performance ideal e garantir a segurança do piloto. Com o monitoramento da pressão, é possível detectar um pneu furado antes mesmo de o piloto ter percebido!”

Este monitoramento contínuo também é feito para os próprios pneus, por meio de chips eletrônicos. “Os pneus das corridas de endurance também são equipados com etiquetas de identificação por radiofrequência (RFID) e códigos de barras”, acrescenta o engenheiro. “Estas etiquetas são utilizadas pelos organizadores para assegurar que cada competidor sempre respeite o regulamento e a alocação dos pneus a que tem direito”. Quando o carro sai do box, um pórtico conectado capta o sinal enviado pela etiqueta, permitindo identificar cada pneu.

Item fundamental na estratégia da corrida

O número dos pneus que os competidores podem utilizar em cada prova é rigorosamente regulamentado no Campeonato Mundial de Endurance (WEC): 18 pneus para tempo seco nas corridas de 6 horas (incluindo os testes classificatórios), 24 nas provas de 8 horas e 56 nas 24 Horas de Le Mans. O regulamento exige que o reabastecimento tenha sido concluído antes de iniciar a troca dos pneus. Além disso, apenas quatro mecânicos são autorizados a realizar esta operação. Em outras palavras, a troca de pneus no WEC demora seis vezes mais tempo do que na Fórmula 1!

A estratégia de corrida deve ser calculada com cuidado, por isso o piloto tem um papel fundamental nessa estimativa: “Quanto mais preciso for seu estilo de corrida, mais ele próprio terá condições de adaptar o uso que faz do pneu de forma otimizada, dependendo do percurso”, esclarece Paul François. “É ele quem vai sentir qualquer deterioração do pneu. Ele deve ser capaz de dar indicações sobre a diferença nos tempos de volta proporcionada por um novo jogo de pneus”.

Para os pilotos, uma coisa é certa: os pneus estão bem longe de ser apenas aquela cobertura de borracha que reveste a roda dos carros!

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