Mário Pati, diretor do 1.º GP Brasil de F-1 faz 93 anos
A história de sucesso da Fórmula 1 no Brasil e a própria ascensão de vários pilotos nacionais, em outras categorias nas pistas internacionais, passam necessariamente pela figura do diretor Mário Pati, que em dezembro, completou 93 anos. Longe das pistas, a data foi lembrada e comemorada por amigos, alguns pilotos e jornalistas.
Mário Pati foi o primeiro diretor da prova de Fórmula 1 que aconteceu no Brasil, em Interlagos, em 11 de fevereiro de 1973 e foi vencida por Emerson Fittipaldi, com o escocês Jackie Stewart em segundo e o neozelandês Dennis Hulme, em terceiro. Pati também foi o diretor durante os 10 anos seguintes, ininterruptamente, até o GP ser transferido para o circuito carioca de Jacarepaguá, em 1982.
O diretor que fui encontrar em seu apartamento em Vila Madalena (SP), tranquilo, lembrando de alguns fatos, com alguma dificuldade, e de várias histórias que antecederam a bandeirada daquele dia memorável, mas que todas, visivelmente, enriqueceram a sua personalidade e o caráter.
O conheci na redação da Última Hora, o jornal do Samuel Wainer – marido da Danuza Leão e pai da Pink Wainer – na Avenida Prestes Maia, no Anhangabaú. Pati era o secretário de Redação, a mesma que abrigava Jô Soares, Inácio de Loyola Brandão e outros colunistas de renome. Eu era arquivista de Redação, por volta de 1964, após ser admitido, inicialmente, para ser contínuo do diretor-superintendente Nathanael de Azevedo.
Em 1967, já na Agência Folhas, Mario Pati era o meu chefe, com a mesma elegância. Deixei o Grupo Folhas, em 1973, para me integrar na equipe de Assessoria de Imprensa da Volkswagen, dirigida por Walter Nori e Zenon Garrote Sierra.
Mário Pati passou, praticamente, por todas as redações de jornais de São Paulo, onde escreveu uma bela história. Ao mesmo tempo, era da Federação Paulista de Automobilismo onde foi Bandeirinha, Auxiliar de Box, Fiscal de Pista, até chegar a Diretor de Prova.
Senhor Diretor
Em 1970, com a pista de Interlagos reinaugurada, várias provas nacionais e internacionais foram disputadas, da Fórmula Ford, Fórmula Volkswagen, 3 e 2, aprimorando cada vez mais as equipes. Naquele mesmo ano, Pati e seu amigo Antônio Carlos Scavone se reuniram para um ambicioso projeto: trazer a Fórmula 1 para o Brasil.
A preparação exigiu várias viagens a Europa para observar e acompanhar a organização de dezenas de GPs.
Finalmente, em 1972, aconteceu a prova experimental da Fórmula 1, com a vitória do argentino Carlos Reutemann e o passaporte validando a realização da Fórmula 1 no Brasil. A prova oficial, valendo pontos para o Mundial, aconteceu em 11 de fevereiro de 1973.
O evento fora aprovado e validado para o Calendário Oficial, por pelo menos 150 mil pessoas que vibraram com a vitória do piloto brasileiro Emerson Fittipaldi.
A dupla Pati (diretor esportivo) e Scavone (organização) foi desfeita meses após a primeira prova de Fórmula l. Antônio Carlos Scavone era um dos passageiros do Voo 820 da VARIG, que caiu próximo a Orly, na França, matando 123 passageiros em 11 de julho de 1973. (Texto e fotos: Linoel Dias – www.mundokanope.com.br).