Casa Fiat De Cultura e MIS-SP resgatam lambe-lambes em exposição virtual

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Postado 14 de setembro de 2020 por bisponeto em
Em setembro, a Casa Fiat de Cultura lança uma nova exposição virtual, em suas redes sociais. A mostra “Conexão Casa Fiat de Cultura e MIS-SP: Lambe-Lambe” é realizada em parceria com o Museu da Imagem e do Som de São Paulo (instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo), e apresenta obras que foram destaque de uma das primeiras coleções do acervo do museu. Para abrir a exposição, no dia 15 de setembro, às 17h, a supervisora de Acervo do MIS-SP, Patricia Lira, bate um papo com a diretora de Patrimônio e Arquivo Público de Belo Horizonte, Françoise Jean, na palestra virtual “Lambe-Lambe: Fotógrafos de Rua em Belo Horizonte e São Paulo”. O evento será gratuito, com transmissão nos canais do YouTube da Casa Fiat de Cultura e do MIS-SP.

O presidente da Casa Fiat de Cultura, Fernão Silveira, comemora o aspecto inovador da iniciativa conjunta. “Vislumbramos essa parceria como uma oportunidade de conectar duas instituições com identidades diferentes, mas com propósitos e interesses comuns, que é o de potencializar o acesso à cultura, de trazer novos diálogos para a produção cultural. Modulamos um projeto compartilhado, que agrega novos públicos, enriquece as discussões em torno das tradições e da história das cidades e promove o intercâmbio de conhecimentos. Casa Fiat de Cultura e MIS criam, com essa iniciativa, uma nova ponte para levar arte e cultura ao público, indo além das fronteiras geográficas.

Para o diretor cultural do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Cleber Papa, a parceria entre as duas instituições é muito promissora, já que permite ampliar a capilaridade de suas ações. “Do ponto de vista do MIS ter seus conteúdos e debates engrandecidos por intelectuais e artistas mineiros, através da Casa Fiat de Cultura, também é muito bem-vindo, mesmo porque pensamos da mesma maneira quando buscamos ser instituições plurais, atreladas ao pensamento contemporâneo e de olho no futuro”.

A mostra “Conexão Casa Fiat de Cultura e MIS-SP: Lambe-Lambe” e o bate-papo “Lambe-lambe: fotógrafos de rua em Belo Horizonte e São Paulo” são uma realização do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do MIS – Museu da Imagem e do Som, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de São Paulo, e da Casa Fiat de Cultura. O patrocínio é da Fiat Chrysler Automóveis (FCA) e do Banco Safra. O bate-papo conta com apoio institucional do Circuito Liberdade, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), do Governo de Minas e do Governo Federal, além de apoio cultural do Programa Amigos da Casa, da Brose do Brasil e da Expresso Nepomuceno.

Exposição Virtual: conexão Casa Fiat De Cultura e MIS-SP

Nos meses de setembro e outubro, a Casa Fiat de Cultura destaca, nas redes sociais, uma das primeiras coleções do MIS-SP. Na exposição virtual, o público vai saber um pouco mais sobre as imagens que integram o acervo do museu, com curiosidades sobre a realização da pesquisa que resultou na exposição, e sobre o ofício registrado nas fotos. A exposição virtual irá gerar um e-book após sua exibição.

Os fotógrafos de lambe-lambe surgiram no começo do século XX. Realizavam seu trabalho em praças, parques e outros espaços de rua, registrando momentos familiares e a própria cidade. O acervo do MIS resgata essa importante tradição, que, embora muitos não saibam, continuam sendo exercidas até os dias atuais. A coleção do museu é do início dos anos 1970, e foi elaborada pelos estudantes de arquitetura Marcio Mazza e José Teixeira, a partir de um projeto de pesquisa sobre o ofício. São mais de 2 mil fotografias e nove gravações de áudio. As imagens de lambe-lambes foram feitas no Jardim da Luz, na Praça da República, na Praça da Sé e no Parque da Independência, e esse foi um dos projetos que ajudou a fundar o museu.

O período mais próspero dos lambe-lambes ocorreu entre as décadas de 1920 e 1950. A máquina que usavam tinha um laboratório acoplado, permitindo a revelação instantânea de fotos. Já nos anos 1970, no período de criação do MIS, a atividade entrava em declínio, e se tornou cada vez mais rara. Resgatar esse acervo é uma forma de manter a atividade viva, recuperar aspectos culturais urbanos populares e reconhecer sua relação direta com as transformações da cidade.

Em Belo Horizonte, os lambe-lambes ficaram muito associados ao Parque Municipal Américo Renné Giannetti, já que foram os primeiros prestadores de serviço do espaço. Em 2011, o ofício de lambe-lambe foi instituído como Patrimônio Cultural do Município, em função de seu valor cultural e afetivo para a população, reforçando seu valor simbólico para a história individual e coletiva da cidade.

Lambe-Lambe: Fotógrafos de rua em Belo Horizonte e São Paulo

A parceria entre a Casa Fiat de Cultura e o MIS-SP será inaugurada com o bate-papo sobre “Lambe-Lambe: Fotógrafos de Rua em Belo Horizonte e São Paulo”. A supervisora de acervo do MIS-SP, Patricia Lira, e a diretora de patrimônio cultural e arquivo público de Belo Horizonte, Françoise Jean, vão falar sobre o ofício de fotógrafo lambe-lambe como patrimônio imaterial e as diferenças e similaridades nas capitais mineira e paulista.

Patricia Lira vai mostrar detalhes da coleção e destacar a importância do acervo para o MIS. Em 2015, as fotos fizeram parte da exposição “Lambe-Lambe: Um Retrato dos Fotógrafos de Rua na São Paulo dos anos 70”, lançada em comemoração aos 45 anos do museu. “Essa coleção tem uma relação bem estreita com a fundação do MIS, que, à época, funcionava como um centro de documentação e preservação da memória da cidade. As fotos são resultado de um trabalho de campo, que refletem bem o significado desse ofício, para o contexto urbano, nos anos 70”, ressalta.

Para fazer um recorte da profissão em BH, Françoise Jean – que participou do processo que tornou o ofício de lambe-lambe um patrimônio da cidade – vai mostrar como esses fotógrafos passaram a ser considerados parte da paisagem belo-horizontina e acompanharam as mudanças do tempo, desde as máquinas-jardim até os meios digitais. “Os lambe-lambes popularizam a fotografia em Belo Horizonte. Embora tenham vivido seu período de ouro nos anos 1950, até hoje, nos ajudam a compreender os modos de vida na cidade e as formas como nela se desenvolveu uma cultura de registrar momentos e se deixar fotografar”, reflete.

O bate-papo “Lambe-Lambe: Fotógrafos de Rua em Belo Horizonte e São Paulo” será realizado no dia 15 de setembro, às 17h, no YouTube da Casa Fiat de Cultura. A participação é gratuita.

A origem do lambe-lambe

Existem muitas hipóteses para explicar o surgimento do nome “lambe-lambe”. A mais comum é que o fotógrafo lambia a placa de vida que era usada para fazer os negativos e, assim, marcar qual era o lado da emulsão fotográfica. Outra teoria explica que se lambia o envelope da foto para fechá-lo. Apesar da popularização do nome, os profissionais preferiam ser chamados de fotógrafos instantâneos, de acordo com dados coletados na pesquisa de campo do MIS-SP.

As máquinas de jardim, como eram conhecidos os equipamentos desses profissionais, eram, ao mesmo tempo, câmera e laboratório. O processo de fotografia era realizado ao ar livre e as imagens eram reveladas quase na mesma hora, o que garantia mais mobilidade ao fotógrafo, além de ampliar o acesso da população mais pobre ao retrato.

Os fotógrafos em São Paulo

A maior parte dos lambe-lambes era de fotógrafos anônimos e de origem simples. Com o dinheiro que ganhavam com a venda das fotos, muitos adquiriram imóveis nas regiões periféricas de São Paulo. Muitos deles já eram aposentados quando começaram o ofício de fotografar. Aprendiam as técnicas sozinhos ou com a família e costumavam trabalhar mais aos domingos – dia de grande movimento dos parques.

Os fotógrafos em Belo Horizonte

Os fotógrafos de rua, carinhosamente chamados de Lambe-lambes, foram responsáveis pela popularização da fotografia em Belo Horizonte, no início do século XX. Durante décadas, tiraram fotografias para composição de documentos e registraram cenas cotidianas de diversas gerações de mulheres, homens e crianças.

Sempre foram importantes cronistas do cotidiano, registrando imagens, cenas e acontecimentos na vida de inúmeras gerações de moradores e turistas em Belo Horizonte. Atualmente, nove fotógrafos ainda trabalham no Parque Municipal e permanecem vendendo fotos impressas, ainda que usando meios digitais para o registro.

As historiadoras

Patricia Lira

Patricia Lira é bacharel e licenciada em História pela FFLCH-USP. Possui especialização em gestão arquivística pela FESP-SP e concluiu mestrado em Ciência da Informação na ECA-USP. Atua profissionalmente como Supervisora de Acervo no Museu da Imagem e do Som de São Paulo e em projetos de preservação de arquivos e coleções particulares.

Françoise Jean

Doutora em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2010), mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004) e graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997). Foi diretora de Proteção e Memória do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais/IEPHA-MG entre 2015 e 2018. Atualmente, ocupa o cargo de diretora da Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Coordenou as pesquisas para o reconhecimento do ofício de fotógrafo Lambe-lambe como patrimônio imaterial de Belo Horizonte.

Casa Fiat de Cultura

A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar as mais prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braile e atendimento em libras. Atualmente, 50 mostras de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 14 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 2,7 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 550 mil participaram de suas atividades educativas.

MIS-SP

Fundado em 1970, o Museu da Imagem e do Som (MIS), uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, é um dos espaços culturais mais movimentados da cidade de São Paulo. O MIS oferece grande variedade de programas culturais, em todas as áreas e para todos os públicos: cinema, música, vídeo e fotografia fazem parte do dia a dia da instituição. Nos últimos anos, grandes exposições imersivas levaram grande público ao Museu, como as mostras Musicais no cinemaQuadrinhos e as exposições dedicadas a Tim Burton, David Bowie, Stanley Kubrick, Renato Russo e ao programa Castelo Rá-Tim-Bum. Outras frentes da instituição são os cursos, as ações educativas e o Pontos MIS, que leva sessões de cinema e oficinas a todo o Estado de São Paulo.

SERVIÇO:

Exposição virtual: Conexão Casa Fiat de Cultura e MIS-SP: Lambe-Lambe;

Meses: Setembro e outubro, nas redes sociais da Casa Fiat de Cultura;

Bate-papo online: “Lambe-Lambe: Fotógrafos de Rua em Belo Horizonte e São Paulo”, 15 de setembro, das 17 às 18 horas – Canais do YouTube da Casa Fiat de Cultura e do MIS-SP.

Casa Fiat de Cultura:

Circuito Liberdade.

Informações:

www.casafiatdecultura.com.br;

casafiat@fcagroup.com;

facebook.com.br/casafiatdecultura;

Instagram: @casafiatdecultura;

Twitter: @casafiat;

LinkedIn: casafiatdecultura;

YouTube: casafiatdecultura;

www.circuitoculturalliberdade.com.br.

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