DESAFIANTE MUNDO NOVO
É incomum um seminário técnico dar pistas sobre lançamentos de modelos no mercado. Mas isso aconteceu quando a secretária de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Patrícia Ellen, afirmou que o governador João Dória iria em breve à Alemanha e ao Japão para anunciar investimentos no Estado. Todos interpretaram como expansão do programa paulista IncentivAuto. Embora ela não tenha nomeado as marcas, pareceu óbvio que se trata da Volkswagen e da Toyota. Essa espécie de “spoiler” levou a duas conclusões.
A VW deve confirmar o sucessor do Gol com a missão de substituir, ao mesmo tempo, os atuais up! e Gol em 2021 ou, mais tardar, 2022. Provavelmente trata-se de uma derivação menor que a atual arquitetura MQB, antes considerada inviável economicamente para modelos pequenos. Ambos os modelos, hoje produzidos em Taubaté (SP) fazem parte de um segmento que responde por nada menos de 45% do mercado brasileiro de veículos de passageiros, incluídos SUVs e crossovers, excluídas as picapes (uso misto).
Quanto à Toyota com certeza produzirá um SUV compacto no Brasil. É uma lacuna a preencher, mas o projeto demora mais um pouco, algo para 2023. A marca japonesa não revela se usará sua arquitetura mais moderna, TNGA, que estreia agora em setembro no novo Corolla (incluída versão híbrida flex, primeira desse tipo no mundo) e também está no RAV4. É possível que o SUV, previsto para Sorocaba (SP), tenha como base uma evolução do atual Yaris para conter custos e garantir preço competitivo numa altura em que os “utilitários” deverão responder por algo em torno de um terço do mercado brasileiro (hoje 22%).
Uma das palestras mais interessantes foi de Hélio Oyama, da Qualcomm no Brasil. Ele focou na tecnologia CV2-X, sigla em inglês para integração entre telefone celular, veículos e infraestrutura viária. É um capítulo da mobilidade autônoma, mas com a grande vantagem de possibilitar custos menores. A chegada da rede de telefonia 5G e sua rapidez de comunicação até 20 vezes superior à atual 4 G poderá reduzir bastante os acidentes. Isso acontecerá porque em conjunto com radares, lidares e câmeras, ou mesmo só parte deles, antecipará situações perigosas graças à comunicação instantânea.
A rede 5G terá implantação lenta no Brasil, mas não tanto quanto a 4G, até hoje com enorme deficiência em estradas. E sua confiabilidade impressiona. O ano tem cerca de 32 milhões de segundos e o sinal 5G cairá por no máximo 32 s, ou algo como apenas 0,000001%!
ALTA RODA
MARCA chinesa Geely (dona da Volvo e Lotus) prepara volta ao Brasil. Anteriormente atuou aqui em parceria com o Grupo Gandini (Kia). Dessa vez, planos são mais ambiciosos e estão sob sigilo. Em breve, porém, será anunciado acordo com o Grupo HPE (Mitsubishi e Suzuki). Consultado pela Coluna, o HPE se limitou a informar: “nenhuma declaração a fazer”.
FERDINAND PIËCH, 82, morreu neste domingo, na Alemanha. Eleito Executivo do Século, em 1999, era neto de Ferdinand Porsche. Foi responsável pela ampliação do Grupo VW, que tornou o maior fabricante mundial de veículos. Engenheiro brilhante, criou a arquitetura veicular MQB para 40 modelos. Projetou o icônico Porsche 917, dominador das corridas de longa duração de 50 anos atrás.
VOLVO S60 tem credenciais para enfrentar concorrência com sedãs médios alemães. Estilo é um dos pontos altos e o acabamento, de bom nível. Além de quase 10 cm a mais de entre-eixos (2,87 m), oferece três níveis de potência: 190, 254 e 407 cv, este para a versão híbrida 4×4. Porta-malas foi sacrificado, mas ainda comporta 392 litros. RS 195.950 a 269.950.
RENOVAÇÃO total do Toyota RAV4, importado do Japão, veio acompanhado de um eficiente conjunto híbrido. Potência combinada de 222 cv mudou completamente desempenho e comportamento geral deste SUV 4×4. Ficou mais espaçoso e o porta-malas cresceu para 580 litros. Acelerações são boas, bem como o silêncio a bordo. Sistema multimídia desagrada.
AINDA não foi desta vez que a liberação do trabalho aos domingos poderá facilitar a comercialização de veículos. Apesar do alto nível de desemprego, Senado decidiu retirar esse item da Medida Provisória da Liberdade Econômica, anteriormente aprovada pela Câmara dos Deputados. Entretanto, a proposta voltará à análise parlamentar por meio de projeto de lei.
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