Os 10 anos do Porsche Panamera: carro esportivo, sedã de luxo e pioneiro híbrido
“Funcionando como uma plataforma tecnológica para inovações que foram transferidas posteriormente para outros modelos, o Panamera tem desempenhado um importante papel no desenvolvimento da história da marca nos últimos dez anos”, explica Michael Steiner, ex-vice-presidente da linha de produtos e atualmente membro do Conselho Executivo encarregado da Pesquisa e Desenvolvimento. “Com suas versões híbridas de alto desempenho, acima de tudo ele atualmente é um pioneiro da eletromobilidade na Porsche.” A atual segunda geração do modelo é produzida inteiramente na fábrica da Porsche em Leipzig e vem em três versões diferentes de carroceria. Thomas Friemuth é o vice-presidente da linha de produtos desde maio de 2018.
Primeiro protótipo de quatro lugares da Porsche foi baseado no 356
Um Porsche para quatro: ao longo dos mais de 70 anos da história da empresa, engenheiros da Porsche insistiram muito nessa ideia. Na década de 1950, eles desenvolveram um confortável modelo de quatro bancos baseado no 356. O Type 530 tinha distância entre eixos alongada, rodas maiores e teto elevado na traseira. Outros estudos o seguiram, incluindo um protótipo de quatro portas baseado no 911 e, na década de 1980, versões alongadas do 928. Ferry Porsche usou um desses como seu carro pessoal. Em 1988, a Porsche fez uma nova tentativa com o Type 989: o cupê de quatro portas oferecia espaço para dois bancos completos na parte traseira. A propulsão era garantida por um motor V8 dianteiro. Elementos de design do 989 foram incorporados mais tarde no 911 da geração 993. Como todos os modelos conceituais anteriores, porém, o 989 permaneceu como um protótipo. Por razões econômicas, seu desenvolvimento foi descontinuado no início de 1992.
Mirage, Meteor e Phantom: luz verde para o Panamera
No início do novo milênio, a Porsche fez estudos de mercado, analisou a concorrência e decidiu desenvolver um sedã quatro portas hatchback. Entrar no segmento de luxo era, de forma nada modesta, o desejo do então presidente do Conselho Executivo, Wendelin Wiedeking. Faziam parte de suas especificações um excepcional comportamento de condução, condições de espaço generosas e a absoluta aparência de um Porsche. Michael Mauer, vice-presidente de estilo da Porsche, acrescenta: “Nós queríamos construir um carro esportivo de quatro lugares com um teto inclinado, um grande porta-malas e hatchback (com a tampa do compartimento de bagagens dando acesso ao interior). Durante o processo de desenvolvimento do design, surgiram três protótipos: o “Mirage”, o “Meteor” e o “Phantom”. O posterior modelo de produção teria muito em comum com o Mirage, de aparência musculosa. No final, foram usados elementos de todas as versões e escolhido um novo nome: Panamera, inspirado pela corrida de resistência mexicana conhecida como “Carrera Panamericana”.
Destaque em Xangai: estreia mundial via elevador
A primeira aparição oficial do Panamera, em 19 de abril de 2009, foi espetacular. A Porsche convidou a imprensa do mundo inteiro para uma entrevista coletiva no 94º andar do World Financial Center, em Xangai, na China. O Panamera foi posicionado em pé no interior de um elevador de carga com o auxílio de uma plataforma móvel especialmente construída. Isso exigiu muitas horas de trabalho de preparação por 60 membros do pessoal de serviço, e apenas um minuto para que o elevador subisse 400 metros.
O primeiro Panamera – conhecido internamente como G1 – estabeleceu novos parâmetros em sua categoria, graças à ampla combinação entre esportividade e conforto. E chegou cheio de inovações: pela primeira vez, um modelo de produção da categoria de luxo foi oferecido com um sistema de transmissão start-stop. O modelo topo de linha, o Panamera Turbo, também apresentava suspensão pneumática com volume de ar adicional sob demanda, assim como um defletor traseiro multidimensional ajustável e extensível. O Gran Turismo também estabeleceu o caminho para outras linhas de modelos da Porsche, com seu novo conceito operacional e de display.
A linha de modelos cresceu rapidamente e de forma sustentável, culminando com uma gama de modelos cobrindo potências entre 250 e 550 cv, com propulsão a gasolina, diesel e híbrida, assim como tração traseira ou integral. No início, os motores V6 e V8 naturalmente aspirados eram oferecidos com uma transmissão manual de seis velocidades, mas a maioria dos clientes optou pela transmissão Porsche PDK com dupla embreagem e sete velocidades. As versões diesel e híbridas eram oferecidas em combinação com uma transmissão automática de oito marchas.
A versão Executive, com distância entre eixos alongada – destinada principalmente a clientes chineses – surgiu como parte da atualização estilística de 2013. Os motores ficaram mais potentes, desenvolvendo até 570 cv. O Panamera foi imensamente importante para a Porsche: o Gran Turismo abriu lugar para a marca num novo segmento do mercado e ajudou a ancorá-la firmemente no mercado em forte crescimento da China.
Totalmente novo: a segunda geração de modelos de 2016 em diante
O desenvolvimento da segunda geração do Panamera (G2) envolveu múltiplos caminhos: além das versões do Gran Turismo com distância entre eixos normal e estendida, foi desenvolvida uma terceira variante com a mesma plataforma: o Sport Turismo. A partir de 2017, seu design e conceito de carroceria de vanguarda trouxeram mais versatilidade à categoria dos veículos de luxo. O “Concept Sport Turismo” foi apresentado pela primeira vez no Salão do Automóvel de Paris, em 2012. Com muita repercussão, o conceito foi o precursor da segunda geração do Panamera, que celebrou sua estreia mundial em 28 de junho de 2016.
O G2 era ainda mais esportivo e elegante, mas oferecia o mesmo espaço generoso: a linha do teto tinha caimento mais à frente, a traseira tinha uma leve curvatura e as lanternas horizontais traseiras davam ênfase à identidade da marca. Mais uma vez, a carroceria esportiva abrigava um grande número de inovações, incluindo um novo display digitalizado e novo conceito operacional. Graças a sistemas de chassi como a suspensão a ar de três câmaras, eixo traseiro direcional e o sistema de estabilização de rolagem eletromecânico PDCC Sport, o Panamera estava em casa tanto nas ruas como na pista. Isto culminou com um tempo de volta de 7m38s no circuito de Nürburgring-Nordschleife, estabelecido pelo piloto de fábrica da Porsche, Lars Kern, num Panamera Turbo sem modificações especiais. A gama de motores foi otimizada consistentemente, enquanto os números de potência aumentaram: novos motores foram introduzidos em toda a linha, e a transmissão passou a ser uma PDK, com dupla embreagem e oito velocidades. O espectro de potência começava em 330 cv. Hoje, o modelo topo de linha é um híbrido plug-in com 680 cv.
Modelos híbridos com a estratégia de impulsão de um supercarro
A Porsche estabeleceu a base para a eletromobilidade com o Panamera, em 2011. Como primeiro veículo totalmente híbrido paralelo da categoria luxo, o Panamera S Hybrid mostrou-se o mais econômico modelo da Porsche até então, apesar de uma potência de 380 cv. Dois anos mais tarde, o Panamera S E-Hybrid mais uma vez ocupou a liderança no segmento como o primeiro híbrido plug-in – com 416 cv e uma autonomia totalmente elétrica de 36 quilômetros. Na segunda geração do Panamera, a Porsche incorporou a performance elétrica a todas as versões do modelo: a estratégia de impulsão adaptada do supercarro 918 Spyder permitiu um desempenho do nível tipicamente associado a carros-esporte, mas combinado a uma alta eficiência. Tanto no 462cv Panamera 4 E-Hybrid como no modelo topo de linha Panamera Turbo S E-Hybrid, com uma potência de sistema de 680 cv.
“Com o G2, conseguimos transferir a estratégia híbrida orientada ao desempenho do 918 Spyder para o segmento de luxo”, afirma Gernot Döllner, vice-presidente da linha de produto Panamera entre 2011 e 2018, atualmente responsável pelo desenvolvimento de conceito de produto da Porsche. Essa estratégia foi bem recebida pelos clientes: em 2018, 67 por cento de todos os modelos Panamera entregues na Europa tinham propulsão híbrida.