Daniel Serra é bicampeão da Stock Car e Ricardo Zonta vence em Interlagos
“Foi muito tenso, porque você nunca sabe o que pode acontecer. Tem coisa que a gente não controla. Nos preparamos da maneira mais minuciosa possível, com um carro bem conservador para chegar no final”, lembrou Serra. “Então fui sofrendo um pouco com o desgaste de pneu, mas a gente fica nervoso: durante a corrida eu achei que o pneu furou umas seis vezes, de tão tenso que a gente fica. Muito nervosismo, mas sempre controlamos sabendo onde o Felipe (Fraga) estava, controlando o uso dos botões de ultrapassagem, mas estou muito feliz”, disse.
Na votação do último Fan Push do ano, os dois postulantes ao título estavam entre os eleitos. Além de Serra e Fraga, levaram o acionamento extra do botão de ultrapassagem os pilotos Bia Figueiredo, Lucas di Grassi, Bruno Baptista e o estreante Gaetano di Mauro.
As luzes vermelhas se apagaram e Ricardo Zonta manteve a ponta na largada seguido de Julio Campos, Cacá Bueno e Gabriel Casagrande, que pularam à frente de Daniel Serra, o terceiro no grid. Felipe Fraga, saindo de 18º, ganhou duas posições nos dois giros iniciais e continuava a escalada. Julio Campos tomou a ponta de Zonta na abertura da terceira volta, enquanto Casagrande colocava pressão sobre Cacá.
Em quinto, Serra mantinha o controle da situação apesar da pressão de Antonio Pizzonia. Zonta usou o botão de ultrapassagem para retomar a liderança na volta 4, e a dupla de líderes ia abrindo distância em relação ao restante do pelotão. Volta 5, e Campos continua com o rodízio de líderes ao reassumir a ponta.
Cacá começou a perder posições depois de levar um toque: a carenagem do carro começou a interferir no pneu traseiro esquerdo, e abandonou a corrida logo em seguida. Casagrande assumia o terceiro lugar trazendo Daniel Serra consigo – justamente na posição que lhe garante o título mesmo que Fraga vencesse (era o 14º no momento).
Em sua participação final na Stock Car, Lucas di Grassi subia da 17ª para a 10ª posição nas voltas iniciais. Zonta retomou a ponta na oitava volta e começou a abrir distância.
Na volta 10 começaram os pit stops. Entre os líderes, Julio Campos, Daniel Serra e Ricardo Maurício foram aos boxes. Ricardo Zonta parou no giro seguinte. Rubens Barrichello, ainda sem parar, aparecia na liderança depois de ter largado em 23º; Átila Abreu optou por estratégia semelhante ao fazer seu pit stop nas voltas finais da janela obrigatória e também chegou a liderar a prova.
A ordem se restabeleceu depois que todos os pilotos realizaram suas paradas para abastecimento e troca de pneus, com Ricardo Zonta em primeiro, Julio Campos em segundo e Gabriel Casagrande em terceiro. Ricardo Maurício, Daniel Serra, Antonio Pizzonia, Gaetano di Mauro, Marcos Gomes, Lucas di Grassi e Felipe Fraga fechavam os dez primeiros.
A tensão entre os postulantes ao título foi aumentando no final da corrida. Lucas di Grassi tomou o quinto lugar de Serra, e o líder do campeonato tinha atrás de si Marcos Gomes e Felipe Fraga, pilotos da Cimed Racing. Fraga usou do jogo de equipe para passar Gomes, campeão de 2015, e ficar em sétimo exatamente atrás de Serra.
Na última volta, Serra voltou a passar di Grassi, e Fraga embarcou na mesma tentativa, tirando o piloto da Hero Motorsport da corrida na curva do Laranjinha.
Na bandeirada, Ricardo Zonta conquistou sua primeira vitória na temporada e formou um pódio 100% paranaense tendo Julio Campos em segundo e Gabriel Casagrande em terceiro. Agora bicampeão, Daniel Serra cruzou a linha de chegada como bicampeão em quarto lugar, seguido de Felipe Fraga e Rubens Barrichello fechando os cinco primeiros.
Vencedor da prova, Ricardo Zonta destacou o trabalho do time e a perfeição de seu carro em qualquer que fosse a condição da pista durante o final a etapa final da temporada. “O final de semana inteiro o meu carro esteve entre os três primeiros, fosse na chuva ou na pista seca. Na corrida a maior dificuldade seriam as cinco primeiras voltas, mas consegui me manter bem próximo e depois abrir uma boa vantagem. No pit stop a equipe trabalhou muito bem e saí com uma vantagem que depois foi só administrar. Estou feliz por mim e pela equipe com este encerramento de temporada”, afirmou o paranaense da Shell V-Power.
Na reta dos boxes, após a prova, foi montada a recepção para o campeão de 2018 da Stock Car. Daniel Serra subiu no carro, cercado por membros da equipe Eurofarma RC e da torcida, e no pódio especial recebeu o troféu de campeão das mãos de Alberto Leite, da Hero, e do tricampeão Chico Serra.
“Agora é o momento em que toda a dedicação vale a pena; penso nisso 24 horas por dia e faço tudo para chegar o mais bem preparado possível nos finais de semana. Só a minha esposa sabe o quanto eu me preparo e me dedico para evoluir como piloto. Aos poucos a ficha vai caindo. É muito legal ter meus amigos aqui, a minha equipe… Todo mundo faz parte disso. É muito especial”, continuou Daniel.
O piloto de 34 anos soma dois títulos, contra três de seu pai, Chico Serra, tricampeão nos anos de 1999, 2000 e 2001. “Eu nunca pensei nos números do meu pai, mas ter conseguido dois títulos consecutivos – e ele venceu três – ia ser legal. Se eu conseguir chegar perto do que o meu pai fez, a minha carreira terá sido muito bem-sucedida”, concluiu o novo bicampeão da Stock Car.
Vice-campeão de 2018, Felipe Fraga cumpriu a promessa de lutar até o final e fez uma corrida impecável, partindo do 18º lugar para chegar em quinto. E fez um resumo da temporada. “Foi um campeonato muito bom. Estou feliz porque, como piloto, a minha performance melhorou, a cada ano mais. Mesmop eu não tendo sido campeão, eu acho que sou um Felipe melhor do que 2016 e melhor ainda que 2017. É uma pena, faltou pouco”, falou, antes de elogiar o adversário.
“O título está em boas mãos, sem dúvida, mas vamos trabalhar ainda mais no ano que vem. Estarei com a mesma equipe, que é a equipe perfeita. Esse ano muita coisa saiu do nosso controle e isso tirou a gente de estar em uma disputa mais mano a mano. Temos que dar o mérito para o Daniel e para equipe dele. Trabalharemos mais para o ano que vem, acertaremos os erros e os detalhes para vir com tudo de novo”, fechou Felipe Fraga.
Resultado – Hero Super Final:
1.º) Ricardo Zonta (Shell V-Power), 25 voltas em 41min51s513 (154,4 km/h);
2.º) Julio Campos (Prati-Donaduzzi Racing), a 4s414;
3.º) Gabriel Casagrande (Vogel Motorsport), a 5s894;
4.º) Daniel Serra (Eurofarma RC), a 15s670;
5.º) Felipe Fraga (Cimed Chevrolet Racing), a 16s271;
6.º) Rubens Barrichello (Full Time Sports), a 16s359;
7.º) Marcos Gomes (Cimed Chevrolet Racing Team), a 16s587;
8.º) Antonio Pizzonia (Prati-Donaduzzi Racing), a 19s415;
9.º) Átila Abreu (Shell V-Power), a 19s725;
10.º) Gaetano di Mauro (Hero Motorsport), a 20s519;
11.º) Max Wilson (Eurofarma RC), a 20s989;
12.º) Diego Nunes (Full Time Bassani), a 21s413;
13.º) Bruno Baptista (Hero Motorsport), a 24s118;
14.º) Thiago Camilo (Ipiranga Racing), a 24s403;
15.º) Lucas Foresti (Cimed Chevrolet Racing Team), a 24s915;
16.º) Allam Khodair (Blau Motorsport), a 32s977;
17.º) Bia Figueiredo (Ipiranga Racing), a 34s303;
18.º) Cesar Ramos (Blau Motorsport), a 37s816;
19.º) Denis Navarro (Cavaleiro Sports), a 39s514;
20.º) Nelson Piquet Jr (Full Time Bassani), a 1min06s954;
21.º) Willian Starostik (KTF Sports), a 1min18s549;
22.º) Ricardo Sperafico (Bardahl Hot Car), a 1 volta;
23.º) Ricardo Maurício (Full Time Sports), a 1 volta;
24.º) Lucas di Grassi (Hero Motorsport), a 1 volta;
25.º) Rafael Suzuki (Bardahl Hot Car), a 1 volta;
26.º) Valdeno Brito (Eisenbahn Racing Team), a 1 volta.
Não Completaram:
27.º) Guga Lima (Vogel Motorsport), a 8 voltas;
28.º) Galid Osman (Cavaleiro Sports), a 8 voltas;
29.º) Felipe Lapenna (Cavaleiro Contuflex), a 10 voltas;
30.º) Cacá Bueno (Cimed Chevrolet Racing), a 18 voltas;
31.º) Vitor Genz (Eisenbahn Racing Team), a 24 voltas.
MELHOR VOLTA: Marcos Gomes, 1min37s098 (média de 159,7 km/h).
Fotos: Fernanda Freixosa/Duda Bairros.