Milton Sperafico faz balanço da eleição pela presidência da CBA

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Postado 24 de janeiro de 2017 por bisponeto em
Uma das mais acirradas eleições para a presidência e quadro diretivo da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) ocorreu na sede da entidade, na última sexta-feira (20/01), no Rio de Janeiro. Com um placar de dez votos a sete, a chapa da situação, encabeçada pelo pernambucano Waldner “Dadai” Bernardo conquistou o direito de ditar os rumos do esporte motorizado brasileiro pelos próximos quatro anos. Na prática, isso significa que a situação somará 12 de mandato até 2021, já que Dadai substitui o seu conterrâneo e padrinho de campanha Cleyton Pinteiro, que, após dois mandatos, entrega uma entidade envolta em denúncias de corrupção e poucos resultados práticos.

Este acirramento deveu-se à inédita dinâmica implantada pela Chapa Bandeira Verde, de oposição, liderada pelo ex-piloto paranaense Milton Sperafico. Sperafico focou em propostas para tirar o automobilismo brasileiro do ritmo letárgico dos últimos anos, que culminou, além das denúncias e processos no Ministério Público, no fim de várias categorias, deterioração de autódromos e falta de renovação de pilotos – e justamente em um país considerado modelo na criação de novos talentos para o esporte. Se não fosse a reviravolta de contratações envolvendo os pilotos na Fórmula 1, que culminou com a recontratação de Felipe Massa pela Williams, o Brasil não teria piloto na categoria máxima em 2017 – o que não acontecia desde 1969, ano em que Emerson Fittipaldi estreou na F1.

O colégio eleitoral que decidiu a eleição na CBA foi formado neste pleito por 18 federações estaduais e mais uma associação de pilotos. Dos sete votos recebidos por Sperafico, quatro vieram de Federações com autódromos funcionais e automobilismo forte, como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Goiás, que, sozinhos, somam os DEZ principais autódromos do Brasil. Rio de Janeiro – que perdeu seu circuito de Jacarepaguá para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) – e Pará estão sem autódromo. Este último, apesar de não contar com uma pista oficial, percebeu que as propostas inovadoras de Sperafico miravam exatamente as Federações mais carentes, nas quais desenvolveria projetos ambiciosos. A Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo (ABPA), que representa os pilotos, também votou no candidato da Chapa Bandeira Verde.

Com a situação, votaram Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte e Alagoas, sendo que os últimos três não poderiam ter votado: eles estão com documentações irregulares que não atendem às exigências do Estatuto da CBA, mas foram autorizados a votar e escolheram a chapa da situação. Foi impedida de votar, também em função de problemas documentais e fiscais, a Federação do Espírito Santo. A de Mato Grosso do Sul, por um problema de saúde emergencial de seu presidente, não teve seu voto colhido na Assembleia por ausência, já que o ocorrido o impediu de embarcar para o Rio de Janeiro. Curiosamente, ambas haviam declarado apoio a Sperafico.

REPRESENTATIVIDADE

A FAU de Pernambuco, cujo presidente é o próprio candidato Dadai (e, portanto, vota nele mesmo), e as demais federações que votaram com a situação somam 3.191 pilotos filiados. Já as FAUs que votaram em Sperafico agregam 6.495 pilotos. Se os 9.686 pilotos representados por 18 pessoas votassem, o resultado seria de 67% para Sperafico e 33% para Dadai, que acabou eleito.

O que mais chamou a atenção foi o voto da Federação do Rio Grande do Norte. Lá, não há autódromo, são apenas 65 pilotos filiados (cinco a mais do que o mínimo necessário para ter direito a voto) e a documentação está toda irregular. No entanto, a FAU potiguar possui o mesmo peso do voto de uma Federação como a de São Paulo, por exemplo, que agrega 2.918 pilotos, número quase igual ao do total das Federações que elegeram Waldner Bernardo, somadas.

Para Sperafico, esta eleição expôs um estatuto anacrônico e desalinhado com o que o esporte pede nos dias de hoje. Segundo ele, “caso fosse eleito, certamente proporia uma modernização do estatuto, totalmente antiquado. Por isso vemos a proliferação das Ligas. O esporte, hoje, é uma ferramenta poderosa de marketing esportivo. Mas para entregar resultados é preciso se modernizar fora das pistas, dos tatames, das piscinas e quadras. O automobilismo precisa de renovação”, disse o candidato da Chapa Bandeira Verde.

 

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