Clubes de Santa Catarina apoiam Sperafico

Na hierarquia do esporte confederado, formato de organização esportiva adotado no Brasil, os atletas das mais variadas modalidades esportivas filiam-se a clubes, que são os responsáveis pela eleição de seus dirigentes regionais, as Federações estaduais, que se reportam a uma Confederação nacional. O exemplo mais fácil de entender para o brasileiro é o do esporte mais popular por aqui, o futebol. Clubes como Flamengo, Vasco e Fluminense votam para presidente da Federação carioca de futebol; Palmeiras, São Paulo e Santos para a Federação paulista de futebol e assim sucessivamente em todos os Estados. As Federações, representando os Estados, votam na Assembleia da CBF, elegendo ou trocando seu presidente e diretoria para um novo mandato à frente do organismo que ditará os rumos do esporte por toda uma gestão.

No próximo dia 20, semana que vem, acontecerá no Rio de Janeiro a Assembleia extraordinária com a eleição dos poderes da Confederação Brasileira de Automobilismo para o quadriênio de março de 2017 a março de 2021. São dois candidatos na disputa, o paranaense Milton Sperafico, ex-piloto, atual vice-presidente que decidiu lançar uma chapa de oposição, e o pernambucano Waldner Bernardo, conterrâneo do atual presidente, Cleyton Pinteiro, que trabalha forte para fazer seu sucessor depois de oito anos à frente da CBA.

“Aceitei o convite para a vice-presidência, mas rapidamente percebi que minha imagem de ex-piloto com carreira limpa e vitoriosa, foi usada para dar credibilidade à chapa, mas depois, conforme fui tomando pé da situação e fazendo perguntas inconvenientes, fui deixado de lado, inclusive com dificuldade de acesso a informações, por isso decidi lançar uma chapa de oposição, a Chapa Bandeira Verde”, declarou Milton Sperafico, integrante de uma família com grande tradição no automobilismo brasileiro.

A campanha da Chapa Bandeira Verde vem sendo feita através do envolvimento de toda a comunidade que faz o automobilismo, como pilotos, técnicos, promotores, mecânicos e militantes deste esporte, porém, o colégio eleitoral que escolherá o novo presidente da Confederação é formado por apenas 19 votos, sendo 18 Federações e uma Associação de pilotos, que obteve direito de voto recentemente. A disputa é apertada em busca de cada voto, mas o que se percebe hoje é um grande apoio de toda comunidade do automobilismo à candidatura de Sperafico, ávida por mudanças no esporte, e descontente com sua condução nos últimos oito anos, quando se assistiu um grande número de categorias que acabaram extintas – Audi DTCC, Torneio Línea, Fórmula Futuro, GT3, Mini Challenge, Lancer Cup; algumas que foram lançadas nacionalmente e nem realizaram corridas, como a MM Cup em Minas Gerais e o TRC – Turismo Racing Cup – que utilizaria veículos Subaru WRX e outras que sobrevivem com enormes dificuldades, como a Fórmula Truck e a Fórmula 3 Brasil, esta última reveladora de grandes nomes do automobilismo brasileiro, como Ricardo Zonta, Christiano da Matta, Bruno Junqueira, Hélio Castroneves, para citar alguns, e que terminou a temporada 2015 com apenas cinco carros no grid de largada.

ESTRANHO NO NINHO

No mapa eleitoral percebe-se uma tendência clara. Estados com automobilismo forte e autódromos funcionais e em atividade, como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás, onde estão as principais praças esportivas, e Rio de Janeiro, Estado de grande tradição, mas que infelizmente perdeu um dos melhores autódromos do mundo para construção do Parque Olímpico da Barra, apoiam Milton Sperafico. Estados de menor expressão e sem autódromo, estão fechados com o pernambucano Waldner Bernardo, que preside a Federação Pernambucana de Automobilismo, cujo único autódromo, localizado em Caruaru e até pouco tempo em condições de receber provas nacionais, está com o asfalto esburacado e com a infraestrutura totalmente prejudicada, inviabilizando a realização de corridas nacionais. Ceará, que conta com o Autódromo Virgílio Távora, no município de Eusébio, região metropolitana de Fortaleza, ou contava, pois também praticamente fechou, apoia o candidato Waldner.

No mapa eleitoral encontra-se um Estado que destoa dessa tendência: Santa Catarina. Reconhecido por ter um dos melhores IDH do país, Santa Catarina não dispõe ainda de um autódromo asfaltado, mas é referência em automobilismo sobre terra e de lá saíram grandes nomes de projeção nacional, como Renato Naspolini, Alessandro Weiss, Fernando Nienkötter, Vicente Orige e Alceu Feldmann, Mateus Greipel e Luis Tedesco, este último, multicampeão de Rally. Porém, inexplicavelmente, o presidente da FAUESC – Federação de Automobilismo de Santa Catarina – Almir Batisti Petris, reafirma seu apoio ao candidato com forte influência no nordeste. A escolha foi feita à revelia dos clubes de automobilismo filiados a ela, que de forma unânime apoiam Milton Sperafico. “Os pilotos catarinenses são filiados aos clubes, nós elegemos o presidente da FAUESC, e na hora da eleição da CBA, ele simplesmente nos dá as costas, não nos consulta, e por razões que desconhecemos, pois não fomos chamados à conversa, decide votar num candidato que os clubes não querem. Nosso apoio integral é ao ex-piloto Milton Sperafico e gostaríamos que a vontade dos pilotos e dos clubes, que são quem fazem o automobilismo catarinense acontecer, fosse respeitada”, afirmou João Alfredo de Novais, presidente do Kart Clube de Indaial. E João é acompanhado dos três vices-presidentes da Fauesc, o 1º vice-presidente Clodoaldo Zonta, do 2º que é o próprio João de Novais e pelo terceiro vice, Leomar Fendrich Jr. “É um absurdo isso, não dá para entender este comportamento ditatorial e individualista do presidente da FAUESC”, completa João.

Para ratificar este apoio, os clubes convidaram o candidato Milton Sperafico para um encontro “para selar o apoio”, realizado no balneário de Penha, SC. Na ocasião, reuniram-se, além de Sperafico e João de Novais, os senhores Clodoaldo Zonta, vice-presidente da FAUESC, que também apoia Sperafico, Aknaton Ficagna Camargo (Automóvel Kart Clube de Brusque), Ademir Delsemino Chiesa (Kart Clube Xanxerê, Renato Dambroz (Kart Clube de Lages), Robson Ferroni Olsen (Caçador Kart Clube), Deivid “Magrão” (Automóvel Clube de Lontras), João Luiz Miguel (Diretor departamento de kart da FAUESC) e o candidato da Chapa Bandeira Verde, Milton Sperafico.