Stock Car coroa o mais jovem campeão de sua história
“Para mim parece que só terminou mais uma corrida. Eu ainda não sei o que estou sentindo, porque a ficha não caiu. Ganhar em cima do Barrichello deu um brilho ainda maior para o título. Pelo time e pelo trabalho que eles fizeram, foi mais do que merecido. Eles foram impecáveis durante todo o ano”, declarou o novo campeão da Stock Car, de apenas 21 anos de idade.
Felipe Fraga precisava de um 12º lugar para confirmar o título; terminou a corrida em décimo em uma prova cheia de suspense. Saindo da pole position, Fraga manteve a ponta enquanto Barrichello, segundo no grid, caía para a quinta posição. Após a relargada da quinta volta, quando o safety car interveio após o acidente de Bia Figueiredo com Gabriel Casagrande, Barrichello forçou uma ultrapassagem sobre Ricardo Maurício na segunda perna do S do Senna, rodou e caiu para a 18ª posição.
Entretanto, o suspense começou na metade da corrida: as nuvens foram se carregando e a chuva, ainda que leve, molhou rapidamente a pista dos 4.309 metros de Interlagos. Vários pilotos correram aos boxes para procederem com a troca pelos pneus de asfalto molhado. Fraga foi um deles – o que motivou Barrichello a permanecer na pista sem fazer seu pit stop.
“A rodada da parte inicial me deu mais uma facilidade na opção em ficar na pista, principalmente porque o Fraga entrou. E foi uma conversa idêntica àquela de Hockenheim (em 2000, no GP da Alemanha de Fórmula 1, Barrichello corrida pela Ferrari e conquistou a primeira vitória da sua carreira na F1 ao largar da 18ª posição e permanecer com pneus slicks na pista molhada pela chuva). O Maurício ficava no rádio gritando para eu entrar, eu respondia que a pista estava seca, aí ele retrucava que todo mundo estava entrando; e quando ele me informou que o Fraga foi para os boxes, aí eu resolvi ficar na pista”, contou Rubens, que iniciou uma caçada ao líder Daniel Serra na busca pela vitória.
De sete segundos de diferença, o competidor da Medley-Full Time cruzou a linha de chegada a apenas 0s6 do piloto da Red Bull. “A gente não perde nada hoje. A gente só ganha com o carinho do público e essa garra. Eu entrei naquela chicane molhada na última volta como se fosse a última da minha vida – fui com tudo para tentar, e foi por pouco. Mas valeu”, continuou.
Para Daniel Serra, era impossível um roteiro melhor que o da manhã deste domingo (11/12). De saída para a Eurofarma-RC, o filho do tricampeão Chico Serra deu o melhor presente à sua atual equipe, cuja patrocinadora principal, a Red Bull, deixa a Stock Car ao final desta temporada após dez anos na categoria. “Sensacional! Se a gente pudesse escrever o final, não dava para ter sido melhor. Minha despedida da equipe, na qual estou há oito anos; despedida da Red Bull, com quem estou há dez. Terminar com uma vitória depois de um ano difícil, cheio de altos e baixos, sempre dando o máximo em todas as etapas – e em algumas, nós não estávamos tão bem -, é muito gratificante”, disse, emocionado.
“Conseguimos acordar ontem na classificação”, continuou, “e essa chuva hoje só veio nos ajudar. Seria difícil ganhar com a pista seca, e a gente optou pela estratégia certa de ficar na pista, mas o limpador de para-brisas não funcionava. Quando chovia muito, além de ficar difícil de guiar eu não enxergava, mas foi muito legal. Estou muito feliz e não teria como pedir outro final com essa equipe e esse meu parceiro que é a Red Bull, e vou dormir bem tranquilo hoje”, concluiu.
A vitória colocou Serrinha na terceira colocação do campeonato, empatado com 229 pontos com Valdeno Brito. O piloto da Red bull, no entanto, leva vantagem no critério de desempate justamente por ter conquistado a vitória neste domingo. Ricardo Maurício concluiu o pódio da prova final em terceiro lugar. Cacá Bueno, Julio Campos, Guilherme Salas, Rafael Suzuki, Guga Lima, Valdeno Brito e o campeão Felipe Fraga fecharam os dez primeiros da corrida final da temporada.
Na pista em segundo lugar, Barrichello precisava torcer para que Fraga, com pneus de chuva em uma pista que começava a secar, caísse para a 17ª posição para que lhe tomasse o título. Mas o campeão de 2014 sabia que não alcançaria. “De qualquer forma, mesmo vencendo a prova não teria dado. Foi do jeito que a gente sempre foi, como tem de ser, com muita luta”, admitiu.
O vice-campeão fez um balanço da temporada. “Durante o ano nós tivemos os nossos probleminhas. Santa Cruz do Sul foi o nosso ponto mais baixo, porque apesar do pódio a gente só marcou 13 pontos naquela etapa, e o carro não estava legal. Depois dali foi um crescimento. A gente aprendeu muito, ganhou provas e foi chegando. É um ano positivo, apesar de tudo. Ano que vem vamos para cima”, afirmou.
O campeão, em estado de graça, estava ainda atônito, mas falando normalmente sobre a corrida, como quem ainda não havia se dado conta do que acabara de conquistar. “Para o público foi uma corrida muito boa do início ao fim. No começo eu estava bem tranquilo, o carro estava perfeito, administrando na liderança, vendo o Barrichello em quarto, quinto… E depois a chuva gerou algum desconforto”, apontou.
“Eu errei no pit stop e quase passei por cima dos mecânicos, mas voltei sabendo que estava em décimo e vi que o Valdeno estava onze segundos atrás, e sabia que o Rubinho estava a sete segundos do Serrinha. Ia ser muito difícil para ele vencer, mas conseguimos terminar em uma posição que nos dava o título mesmo se ele ganhasse a corrida. No fim deu tudo certo e conseguimos faturar o campeonato”, explicou.
De contrato renovado com a Cimed Racing, Felipe promete mais luta em 2017. “Ano que vem estou de volta buscando mais um”, encerrou o jovem de 21 anos, que recebeu um troféu especial pelo título, feito em impressão 3D pelo artista plástico Hermes Santos e que homenageia o pioneiro da aviação Santos Dumont.
Resultado Corrida Final:
1.º) Daniel Serra Red Bull Racing), 23 voltas em 42min03s324 (média de 141,5 km/h);
2.º) Rubens Barrichello (Full Time Sports), a 0s619;
3.º) Ricardo Mauricio (Eurofarma RC), a 9s275;
4.º) Cacá Bueno (Red Bull Racing), a 10s983;
5.º) Julio Campos (C2 Axalta Racing), a 10s996;
6.º) Guilherme Salas (RZ Motorsport), a 21s479;
7.º) Rafael Suzuki (Vogel Motorsport), a 24s761;
8.º) Guga Lima (TMG Racing), 25s049;
9.º) Valdeno Brito (TMG Racing), a 1min07s614;
10.º) Felipe Fraga (Cimed Racing), 1min09s412;
11.º) Denis Navarro (Vogel Motorsport), 1min10s749;
12.º) Allam Khodair (Full Time Sports), 1min14s140;
13.º) Ricardo Zonta (Shell Racing), 1min26s918;
14.º) Átila Abreu (Shell Racing), a 1min32s880;
15.º) Marcos Gomes (Cimed Racing), 1min35s767;
16.º) Diego Nunes (União Química Racing), a 1 volta;
17.º) Galid Osman (Ipiranga-RCM), a 1 volta;
18.º) Felipe Lapenna (Hot Car Competições), a 1 volta;
19.º) Tuka Rocha (RZ Motorsport), a 1 volta;
20.º) Lucas Foresti (Full Time-ProGP), a 1 volta;
21.º) Xandynho Negrão (Cavaleiro Sports), a 1 volta;
22.º) Vitor Genz (Eisenbahn Racing Team), a 1 volta;
23.º) Sergio Jimenez (Cavaleiro Sports), a 1 volta.
MELHOR VOLTA: Allam Khodair, 1min40s537 (154,4 km/h).
CLASSIFICAÇÃO FINAL DO CAMPEONATO:
1.º) Felipe Fraga, 309 pontos (Campeão); 2.º) Rubens Barrichello, 295; 3.º) Daniel Serra, 229; 4.º) Valdeno Brito, 229; 5.º) Marcos Gomes, 212; 6.º) Ricardo Mauricio, 205; 7.º) Diego Nunes, 189; 8.º) Átila Abreu, 187; 9.º) Cacá Bueno, 186; 10.º) Allam Khodair, 181; 11.º) Julio Campos, 170; 12.º) Max Wilson, 166; 13.º) Vitor Genz, 158; 14.º) Galid Osman, 142; 15.º) Thiago Camilo, 141; 16.º) Ricardo Zonta, 130; 17.º) Rafael Suzuki, 117; 18.º) Denis Navarro, 114; 19.º) Guga Lima, 113; 20.º) Sergio Jimenez, 109; 21.º) Gabriel Casagrande, 89; 22.º) Nestor Girolami, 77; 23.º) Raphael Abbate, 670; 24.º) Lucas Foresti, 67; 25.º) Bia Figueiredo, 64; 26.º) Tuka Rocha, 60; 27.º) Guilherme Salas, 55; 28.º) Felipe Guimarães, 51; 29.º) Felipe Lapenna, 46; 30.º) Popó Bueno, 30; 31.º) Danilo Dirani, 23; 32.º) Xandinho Negrão,11; 33.º) Luciano Burti, 2; 34.º) Fábio Carbone, 0; 35.º) Alceu Feldmann,0; 36.º) Thiago Marques, 0; 37.º) Beto Cavaleiro, 0; e 38.º) Cezar Ramos, 0.
CAMPEONATO DE EQUIPES:
1.º) Cimed Racing, 521 pontos (Campeã); 2.º) Full Time Sports, 476; 3.º) Red Bull Racing, 415; 4.º) Eurofarma RC, 371; 5.º) TMG Racing, 342; 6.º) Shell Racing, 317; 7.º) Ipiranga RCM, 283; 8.º) Axalta C2 Team, 259; 9.º) União Química Racing, 253;
10.º) Eisenbahn Racing Team, 235; 11.º) Vogel Motorsport, 231; 12.º) Cavaleiro Sports,178; 13.º) RZ Motorsport, 156; 14.º) Hot Car Competições, 118; 15.º) Full Time Pro-GP, 118; e 16.º) Mico’s Racing, 2. (Fotos: Duda Bairros/Fernanda Freixosa).