A primeira motorista de Mandirituba e um Chevrolet que mereceu poesia
O belíssimo carro, na cor verde-garrafa (como se dizia no tempo das carreteiras) pertence, desde novo, à senhora Florivia da Rocha Zeglin, de tradicional família mandiritubense. Imediatamente demonstramos interesse em conhecer mais detalhes tanto sobre o veículo quanto seu proprietário, por motivos óbvios e logo os organizadores do evento nos apresentaram a senhora Carmem Lúcia Zeglin Palu, filha da senhora Florívia. Carmem Lúcia revelou então que o automóvel foi adquirido em Curitiba pelo seu pai Thomaz Zeglin no dia 17 de junho de 1952 e entregue à senhora Florívia que sequer sabia dirigir. Teve então, a senhora Florívia, de providenciar a sua Carteira de Habilitação, vindo a ser a primeira motorista devidamente habilitada da cidade.
O Chevrolet então veio a ser um dos primeiros veículos emplacados na cidade e hoje ostenta a placa IS 0014, ainda nas cores amarela e preta. Infelizmente não conversamos com a senhora Florívia, que hoje está viúva e com 86 anos de idade pois, sua filha explicou que, por motivo de saúde, não pode sair de casa e ver seu carro exposto na praça principal da cidade, além de muito admirado pelos participantes da mostra. Outro carro que chamou a atenção foi um Vauxall da década de 1930.
Homenagem
Agora vejam a poesia que o senhor Thomaz Zeglin escreveu, ao que tudo indica em homenagem ao seu precioso automóvel: Aconteceu em Curitiba – em 04 de 10 de 1978 – Já era muito tarde – Eu estava muito afoito; Ao arrancar no sinaleiro – Fiquei muito constrangido – Escutei um barulho no carro – Pensei que tinham me batido; Apaguei o carro, desci – Olhei em redor e até por baixo – Entrei no carro e pensei – Esta vez o chevro apagou o faixo; O carro na banguela estava bom – Na marcha a coisa fica preta – Mas, empreguei minha teoria – E constatei um defeito na cruzeta; Ainda com o sinal fechado – Um Sr. Bem humorado – quis bancar o engraçado – Quando se aparelhou ao meu lado; Eu estava nervoso dentro do meu carro – Aquele senhor sorrindo – Queria atirar um sarro; Deve arrancar mais depressa – Meu querido vovozinho – Respondi: Deus te abençoe – Meu querido netinho; O senhor sorriu dentro do Opala – Que até gostei do seu jeito – Tratar seu avô Chevrolet – Com carinho e respeito; Atrás dele vinha outros carros – Um deles atrevido e moderno – Seu carro era de outra família – andou o meu chevro velho pro inferno; O terceiro carro que aparelhou-se – Entendei o seu cochicho – Um carro velho como este – Merecia estar no lixo; O meu Chevrolet imaginou – Do ferro velho chegou a hora – Meu carro é de estimação – Esta jóia não boto fora; O velho Chevrolet ficou nervoso – E respondeu gaguejando – Se vocês tivessem minha idade – Queria ver se estavam rodando; Eu sou um Chevrolet – Do ano 1952 – Quando era jovem corria mais – Que um carro de bois; Vejam meus jovens carros – Quando tiverem minha idade – Não vão ter condições – De sair pela cidade; Tenho meus netos jovens – O Chevette e também Opala – Sou vovô com muito orgulho – E ainda não uso bengala; Carros velhos e novos – Não sei futuramente – Com a falta de gasolina – Vão tomar álcool ou aguardente; Fique na esquina ou sinaleiro – Para tirar suas conclusões – O motorista faz sua barbeiragem – E ainda sai com palavrões. (Ari Moro).