Ases do Volante

MIRO ERA SÓ ALEGRIA

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Postado 22 de julho de 2014 por bisponeto em
“Nasci na Colônia Afonso Pena, em São José dos Pinhais, como Jesus Cristo, numa casa na qual uma metade era residência, e a outra metade era destinada às vacas”. Essa declaração – abaixo de muitos risos – foi feita há muitos anos a este jornalista por Miroslau Socachewski por ocasião de entrevista, quando relatou parte de sua vida como piloto de carreteira.

A última vez em que encontrei Miro, como era conhecido nos meios automobilísticos, foi em pleno calçadão da rua XV de Novembro, em São José dos Pinhais – Região Metropolitana de Curitiba\PR. Notei que ele caminhava já com lentidão pois, beirava os oitenta anos de idade e levava pelas mãos uma sacola. Não perdi a oportunidade de com ele conversar um pouco e fazer com que recordasse com saudade das corridas de automóveis dos anos 50 e 60, nas quais, em alta velocidade, transitava por aquela mesma via com suas maquinas. Tinha uma característica marcante: pessoa cativante, de costumes simples e humor à flor da pele. Uma vez ele disse: “Participava de todas as provas, mas, nunca ganhava uma sequer. Corria por puro prazer.

No entanto, quando eu e mais um grupo de pilotos curitibanos fomos à cidade de São Paulo correr nas Mil Milhas Brasileiras, em Interlagos, na ida pela antiga estrada de chão, todo mundo foi rodando para amaciar as máquinas. Durante a prova, que às vezes chegava a durar cerca de 15 horas, todas as carreteiras dos paranaenses quebraram mas, a minha, apesar de terminar a prova apenas com duas marchas no câmbio de Cadillac, foi a única que voltou rodando também.” O relato foi seguido de gargalhadas. No que diz respeito a patrocinadores Miro contava: “Na época, o dono de uma churrascaria de São José dos Pinhais autorizava a colocar o nome do seu estabelecimento na lataria da minha carreteira e dizia: depois da corrida passe aqui para comer um churrasco”, seguia outra gostosa risada.

Além de empresário de sucesso, Miro era apaixonado por corrida de automóveis e muito contribuiu para o crescimento desse esporte no Paraná e no Brasil. Ressalte-se que, em 1964, quando só existia um autódromo com pista asfáltica no país, o de Interlagos (SP), inaugurado em 1940, ele empreendeu a construção daquele que seria o segundo autódromo brasileiro numa área de 30 alqueires, de sua propriedade, em São José dos Pinhais, na região onde hoje estão instaladas as montadoras de automóveis. Foi aberto escritório de venda de títulos em Curitiba, tudo corria bem mas, aí surgiu uma daquelas pendengas políticas (como invariavelmente acontece em nosso país quando alguém toma uma iniciativa de proa) com o órgão controlador do esporte automobilístico no Paraná, que considerou que a obra era irregular. Resultado foi que Miro desfez o que tinha feito, desistiu do empreendimento e o sonho do primeiro autódromo paranaense acabou ali. Acho que, essa foi a única ocasião em que Miro não sorriu.

Agora, com grande tristeza, acabo de saber, tardiamente, que Miro faleceu. Mas, nunca é tarde demais para resgatar a sua memória na área do automobilismo de competição, como piloto empreendedor, um dos pioneiros do esporte no Paraná e um dos destaques de São José dos Pinhais, ao lado de nomes famosos das corridas de carreteiras tais como Germano Schögl e Adir Moss. Nas foto de hoje, mostramos Miro em plena ação na boléia de seus carros de corrida. (Ari Moro).

 

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