Beto Monteiro vence e conquista título Sul-Americano da F-Truck
Disputada sob calor de 31 graus, a etapa decisiva do Sul-Americano foi uma das mais movimentadas da temporada. O primeiro a receber a bandeirada final após as 29 voltas válidas no Autódromo Oscar Cabalén, na cidade de Alta Gracia, foi Roberval Andrade, da Ticket Car Corinthians Motorsport. Contudo, o piloto paulista foi punido por excesso de velocidade no ponto da pista onde há um radar. Monteiro, segundo na pista, herdou a vitória.
“Estou muito feliz. Perdi aqui no ano passado e fui campeão hoje sem ser o mais rápido da pista, mas era o mais combativo e resistente. Divido esse título com a equipe, o patrocinador Iveco e todos que contribuíram”, declarou o novo campeão sul-americano, que soma a conquista consolidada em Córdoba ao título brasileiro de 2004. “E parabenizo o Totti pelo excelente trabalho”, fez questão de enaltecer, sobre o piloto vice-campeão.
Monteiro e Totti empataram em 72 pontos. O título do pernambucano da Scuderia Iveco deu-se pelo critério imediato de desempate – número de vitórias. Ele venceu duas corridas do Sul-Americano, em Interlagos e em Alta Gracia, enquanto o paranaense da RM Competições não venceu nenhuma. As outras duas provas válidas pelo Sul-Americano foram vencidas por Wellington Cirino, em Viamão (RS), e Régis Boessio, em Caruaru (PE).
A aplicação do critério de desempate para definição do título não é uma providência inédita no Campeonato Sul-Americano de Fórmula Truck. Situação igual ocorreu em 2010, na primeira vez em que o título continental foi posto em disputa na categoria. Andrade e Felipe Giaffone somaram 176 pontos e o piloto da Ticket Car Corinthians Motorsport comemorou o título por ter cinco vitórias, contra uma do adversário da RM Competições.
Campeão sul-americano em 2012, Totti manteve enalteceu o trabalho da RM Competições no desenvolvimento do novo caminhão Volkswagen equipado com motor MAN. “É nosso primeiro ano com esse caminhão e chegamos à decisão com chance de título. Tivemos problemas durante o fim de semana e eu sabia que o campeonato seria difícil, o Roberval estava muito rápido. Esse segundo lugar no Sul-Americano está de bom tamanho”, falou.
Giaffone, também em fase de desenvolvimento do caminhão MAN, viu a chance da segunda vitória consecutiva aumentar. “Meu caminhão estava bem consistente, e no final apertei para tentar passar o Beto, mas foi difícil passar”, disse. Leandro Reis, que figurou no pódio em quarto depois de largar em 20º, estava satisfeito. “Tive que trabalhar bastante para estar no pódio, tive muitos problemas no fim de semana”, resumiu o goiano da Original Reis Competições.
Andrade, que venceu na pista e ficou em terceiro no resultado oficial, também enalteceu seu resultado. “Perdi a corrida por queima de radar porque o meu adversário me forçou para eu sair da pista. Não tive como frear, aí rodei, voltei, tirei a diferença, estou feliz com o resultado. Não gostei da postura do Beto Monteiro e nem da postura dos comissários, que não tomaram nenhuma atitude, mas reconhece o título da Iveco, que merece cumprimentos”, falou.
O pódio da etapa argentina contou com Monteiro, Giaffone, Andrade, o goiano Leandro Reis e Totti, que completaram nesta ordem as cinco primeiras posições. O piloto pernambucano da Scuderia Iveco, primeiro a somar mais de uma vitória em 2013, assumiu também a liderança do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck, cujo calendário prevê mais três corridas, nos autódromos de Guaporé (RS), Pinhais (PR) e Brasília (DF).
A CORRIDA
Com mais de 53.000 torcedores lotando o Autódromo Oscar Cabalén, a etapa final do Sul-Americano teve um início movimentado. Roberval Andrade, terceiro no grid, superou Beto Monteiro e assumiu o segundo lugar na primeira volta, enquanto o pole-position Paulo Salustiano tratava de se manter à frente. A reação de Andrade foi interrompida logo em seguida, com a pane elétrica que fez o motor de seu caminhão parar de funcionar.
Tendo caído para 12º, Andrade conseguiu reativar o Scania número 15 e deu início à sua corrida de recuperação. Que foi marcada por um toque durante a disputa pelo quinto lugar com Valmir “Hisgué” Benavides. Foi quando o Volvo de João Maistro teve um vazamento de óleo, comprometendo a aderência da pista – Benavides chegou a rodar na pista; Andrade teve trabalho para não rodar. Maistro foi chamado aos boxes pela direção de prova.
O pelotão intermediário apresentava disputas acirradas. Luiz Lopes teve um toque com Pedro Muffato, que acabou saindo da pista e batendo no muro, abandonando a etapa argentina. No primeiro pelotão, o panorama não era menos acirrado. Após a intervenção programada do Pace Truck, a um terço da disputa, Salustiano teve problemas em seu caminhão e sequer completou a primeira volta do reinício da disputa pela vitória.
Andrade, ainda em prova de recuperação, assumiu a liderança da etapa na 16ª volta, abrindo com Monteiro um duelo que recebeu aplausos do público argentino. Um pouco mais atrás, Giaffone e Totti, companheiros de equipe na RM Competições, travavam disputa igualmente acirrada pela terceira posição. Também piloto da equipe, Adalberto Jardim teve um princípio de incêndio em seu caminhão e rodou, provocando nova intervenção do Pace Truck.
Dada a relargada, Andrade acabou saindo da pista na 24ª volta e perdeu a liderança para Monteiro. A três voltas do fim da corrida, conseguiu uma nova ultrapassagem sobre o pernambucano, mas acabou excedendo o limite de 160 km/h no ponto da pista onde há o radar – como a corrida estava nos instantes finais, não cumpriu o drive-thru e, como punição, teve 20 segundos acrescidos a seu tempo total de prova, o que o deixou em terceiro no resultado oficial.
Monteiro, a essa altura, tratava de resistir à pressão de Giaffone – uma ultrapassagem do piloto paulista, considerada a iminente punição que o líder Andrade teria de cumprir, garantiria o bicampeonato sul-americano ao parceiro Totti. Os dois acabaram se tocando na última volta da prova, que marcou a décima vitória do pernambucano da Scuderia Iveco na Fórmula Truck. A RM, equipe de Giaffone, teve quatro pilotos entre os 10 primeiros colocados.
A próxima corrida da temporada da Fórmula Truck, válida pela oitava e antepenúltima etapa do Campeonato Brasileiro, será disputada no Autódromo Nelson Luiz Barro, em Guaporé (RS), no dia 13 de outubro. Em Córdoba, após 29 voltas, o resultado final da etapa decisiva do Sul-Americano foi o seguinte:
1º) Beto Monteiro (PE/Iveco), Scuderia Iveco, 1h01min36s062
2º) Felipe Giaffone (SP/MAN), RM Competições-MAN Latin America, a 1s772
3º) Roberval Andrade (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, a 16s304
4º) Leandro Reis (GO/Scania), Original Reis Competições, a 16s547
5º) Leandro Totti (PR/MAN), RM Competições-MAN Latin America, a 19s395
6º) André Marques (SPMAN), RM Competições-MAN Latin America, a 19s852
7º) Jansen Bueno (PR/Volvo), DB Motorsport, a 20s450
8º) Geraldo Piquet (DF/Mercedes-Benz), ABF/Mercedes-Benz, a 22s076
9º) Luiz Lopes (SP/Iveco), Lucar Motorsports, a 31s102
10º) Débora Rodrigues (SP/MAN), RM Competições-MAN Latin America, a 45s725
11º) Valmir Benavides (SP/Iveco), Scuderia Iveco, a 1min17s759
12º) Raijan Mascarello (MT/Ford), 72 Sports/Ford Racing Trucks, a 1min28s482
Melhor volta: Andrade, na 6ª, 1min33s279, média de 142,45 km/h
CLASSIFICAÇÃO
A pontuação final do Sul-Americano de F-Truck ficou assim definida: 1º) Monteiro e Totti, 72 pontos; 3º) Cirino, 48; 4º) Salustiano, 47; 5º) Boessio, 43; 6º) Benavides, 42; 7º) L. Reis, 38; 8º) Piquet, 30; 9º) Giaffone, 29; 10º) Andrade, 26; 11º) Marques, 21; 12º) Fogaça, 19; 13º) Caffi, 17; 14º) Maistro, Cattucci e Bueno, 13; 17º) J. Reis e Lopes, 10; 19º) Castro, 8; 20º) Rodrigues, 7; 21º) Pachenki, Piano e Muffato, 6; 24º) Kastropil, 5; 25º) Mascarello, 3.
No Campeonato Brasileiro, após sete das 10 etapas, a classificação é: 1º) Monteiro, 104; 2º) Totti, 89; 3º) Piquet, 85; 4º) Salustiano, 77; 5º) Cirino, 75; 6º) Boessio, 71; 7º) Giaffone, 62; 8º) L. Reis, 59; 9º) Benavides, 58; 10º) Andrade, 46; 11º) Pachenki, 40; 12º) Marques, 37; 13º) Fogaça, 32; 14º) Maistro, 30; 15º) Cattucci, 24; 16º) Castro, 22; 17º) Caffi, 21; 18º) Jardim, 20; 19º) Bueno, 18; 20º) Kastropil e Rodrigues, 17; 22º) Muffato, 15; 23º) J. Reis, 13; 24º) Piano, 12; 25º) Lopes, 10; 26º) Mascarello, 3.