Morre o jornalista Wilson Libório

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Postado 16 de agosto de 2013 por bisponeto em
Durante a noite de quinta-feira (15 de agosto), no Instituto de Cardiologia do Hospital Regional em Florianópolis (SC), morreu aos 76 anos, o jornalista Wilson Libório de Medeiros. Ele foi ao hospital recarregar o marca-passo e morreu após sofrer uma parada cardíaca. Deixou um legado de dedicação ao jornalismo e, muito mais a maçonaria catarinense.

Perdi um colega e um amigo “de fé”. O conheci muitos anos atrás quando respondia pela editoria do Caderno de Automóveis do jornal O Estado, editora a qual dedicou mais de trinta anos de seu profissionalismo.

Anos depois foi apresentador de televisão num programa de automobilismo que criou para continuar vinculado ao jornalismo automotivo. Sempre tinha em sua cabeceira um livro para ler. E às vezes brincava com colegas exibindo seus conhecimentos sobre a Cabala. E de certa feita quando falávamos sobre religião,  me disse: Negão leia os livros “e a Bíblia tinha a razão” e a “Biblia e os números” e depois fale comigo.

Gostava de acelerar num rali. E como seu fiel navegador, levei muitas broncas por não calcular com precisão as medidas contidas no roteiro do Livro de Bordo. Escreveu sobre carros, corridas, motores, velocidade e manteve uma relação pessoal com pilotos, revendedores e executivos das mais importantes montadoras. Entre os colegas de profissão, era admirado pelo conhecimento enciclopédico, sobre automóveis ou sobre qualquer assunto. Libório lia muito e tinha u’a memória fotográfica.

Formávamos uma dupla respeitada tanto no automobilismo, no jornalismo e na vida real. Era o amigo de todas as horas e por muitos anos companheiro de cabine durante as pescarias promovidas pela GMB. Mas Libório tinha uma personalidade forte e não levava desaforo para casa. E sem rodeios dizia o que bem entendia a seus desafetos. Lembro até, que num Campeonato Brasileiro de Kart realizado em Foz do Iguaçu, se aborreceu e deu uma bronca, de dedo em riste, na cara do jovem piloto Ayrton Senna, que começava a subir nos pódios da Fórmula-1 e tinha perdido a humildade.

Num evento no interior do Rio de Janeiro, quando encerrava sua conta na portaria do hotel, exigiram do Libório um controle de televisão que ele por não ter sido avisado, deixou em seu apartamento. E aí o “baixinho” se invocou e passou a discutir com o pessoal da recepção. Mas quando me viu chegando, se perfilou e disse em bom tom: “Não discuto mais com vocês”. E apontando para mim completou”: “Falem com meu advogado” e saiu. Esse era o meu amigo e irmão “de fé” que as vezes tinha liberdade de chamá-lo de Lili “o bório” sem levar bronca.

Libório teve destacada atuação como um dos mais eficientes colaboradores do professor Amaro Seixas Neto, professor, escritor, jornalista, que se dedicou ao estudo dos astros e durante décadas fazia previsão do tempo, explicava os fenômenos planetários. Foi um dos fundadores a Abiauto (Associação Brasileira de Imprensa Automotiva), tendo inclusive redigido em dezembro de 1998, em Belo Horizonte (MG), a Ata de sua fundação. E em 2009 tive a honra de entregar ao amigo e irmão Wilson Libório, a placa comemorativa de Sócio Benemérito da Abiauto.

Também prestou relevantes serviços ao Governo do Estado de Santa Catarina e inclusive a Policia Militar de Santa Catarina onde deixou grandes amigos e se orgulhava em afirmar, que por ser civil, na hierarquia da PMESC era assemelhado a Major. Porém sua mulher, a Inez, o chamava de Cabo Libório. Mas Wilson Libório partiu. Deixou-nos para acelerar em outro mundo, levando consigo histórias e “causos” do jornalismo automotivo, onde atuou com brilhantismo. De mecânica, astronomia, cerimonial e etiqueta, Libório entendia como poucos. Era polêmico, mas justo e verdadeiro à sua maneira.

Mas confesso que fiquei tão chocado e emocionado com a sua partida, ao ponto de não poder viajar para prestar minha última homenagem ao velho amigo. Prefiro guardar na memória sua imagem dos bons tempos em que éramos felizes e não sabíamos. Sei que ele me entenderá. Pois um dia que não podemos precisar, partiremos para o plano espiritual, onde certamente nos encontraremos. Adeus amigo … e até um dia. (Antonio Cipriano Bispo).

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