Idoso: hora de pendurar as chaves

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Postado 18 de janeiro de 2013 por bisponeto em
Pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) constatou que o tempo de reação de motoristas idosos para frear um automóvel é 39,6% maior em comparação ao de condutores jovens. A média do tempo de reação a partir do momento que uma placa “Pare” é avistada até a frenagem foi 1,34 segundo para os idosos, enquanto que para o grupo de adultos jovens, o tempo foi 0,96 segundo. O estudo foi feito com o uso de um simulador e teve a participação de 30 idosos e 15 adultos jovens.

Apesar do tempo de reação maior, 97% dos idosos participantes do estudo não se envolveram em acidentes nos últimos cinco anos, nem foram multados no último ano. O estudo detectou que os idosos evitam colisões diminuindo drasticamente a velocidade. Intuitivamente ou não, eles diminuem a velocidade e aí eles têm um tempo maior para parar informa a pesquisa. Talvez seja porque são mais experientes e têm consciência do perigo. Ou seja, um motorista defensivo.

Motorista defensivo é o que se pode chamar de bom motorista ou motorista responsável e antecipa a possibilidade de um acidente e agir adequadamente. Ter consciência do perigo é pensar antecipadamente sobre todas as situações de perigo em que você pode ser envolvido e a melhor saída para cada uma delas, de modo que você nunca seja apanhado de surpresa. Mesmo porque os freios do ser humano são os olhos.

Ele precisa ver. Pressentir o perigo. E reagir de imediato para evitar um acidente. Quer freando o carro para não abalroar o que vai a sua frente. Ou mudar de pista (se possível), quando o carro que vai a sua frente faça uma manobra brusca.  Mas tudo depende do estado físico do motorista, seja idoso ou jovem. Dirigir exige muita atenção, principalmente com semáforos e placas de velocidade existentes no local. E de preferência deve estar tranqüilo ao volante e de bem com a vida. A idade dos avaliados foi 74,3 anos para homens e 69,4 para mulheres. Eles dirigem em média há 48,5 anos, e elas há 40,6 anos.

Todos os entrevistados afirmaram ser cuidadosos no trânsito. Entre as mulheres, 27% pensaram em parar de dirigir, e entre os homens, apenas 13%. Mas cada caso é um caso. Se o idoso chegou a “terceira idade” em boas condições físicas e psicológicas, ele não é uma ameaça no trânsito. Em Curitiba, no Paraná, por exemplo, o aposentado Laurindo de Gouvêa, de 101 anos, conseguiu renovar sua carteira de habilitação. De acordo com um neurologista especializado em geriatria, com o tempo, há um declínio das funções motoras.  Mas a capacidade de dirigir não depende da idade.  O idoso deve sim, ir se adaptando e respeitar suas limitações.

Como os motoristas mais velhos em geral dirigem mais devagar (e muitos jovens também), uma dica é trafegar sempre na faixa da direita. A família e a sociedade também têm de ajudar nesse processo. Uma buzinada por impaciência, por exemplo, pode assustar o motorista idoso ou até um jovem e aí sim causar um acidente.

De acordo com a pesquisa, teremos que pensar quais serão as modificações na cidade para que o idoso possa fluir sem atrapalhar o trânsito e sem correr riscos. Tudo bem, mas se alguém dirigir obedecendo as velocidades indicadas em cada local (principalmente as entre 20, 40 e 60 km/h), muitos motoristas jovens que vêm atrás ficam piscando os faróis de seus carros ou buzinado. O assunto é polêmico. O melhor mesmo é que cada idoso cuide de sua saúde, principalmente dos reflexos. Esteja bem informado a respeito das leis de trânsito e sua sinalização. E respeite suas limitações. Deve ser sincero em saber se está apto ou não para encarar o trânsito cada vez mais caótico das grandes cidades.

O idoso deve evitar dirigir em condições adversas, como em situações de baixa visibilidade, trajetos muito longos, ou guiar à noite, com chuva ou neblina, o que requer muita atenção. E vá se preparando para “pendurar as chuteiras”, digo, deixar de dirigir e arranjar um motorista particular, um parente ou amigo para dirigir seu carro. É difícil, é. Mas não é impossível.

 

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